sexta-feira, 17 de agosto de 2018

A Estética da Folia

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Bêbados e mandriões num bando sem fim. Artistas do impossível fazendo exatamente nada. Com um sotaque impossível de ser distinguido. Achados em escavações arqueológicos do tempo do agora mesmo.
Sem cor. Com todas as cores possíveis e inimagináveis. A insanidade vem chegando e pede passagem. O óbvio agora optou por ser inédito. E a tristeza esqueceu seus apetrechos em casa. Vamos todos adulterando todas as provas do crime.
Dias. Muitos dias que se passam em um minuto só. Tudo rápido num carrossel que perdeu o rumo e acabou virando um pião. E o menino que o gira esqueceu de parar.
Patuscos e arlequins com suas camarilhas. Os carrascos tiraram folga e se for necessário farão alguma hora extra. Não há mais medo e nem mais nada. O universo perdeu as todas as conhecidas dimensões e acabou ganhando outras.
Os cemitérios esvaziaram. Há muitas nuvens que vêm dar seu capricho. E nem todo o dia a dia pára esse manada que estourou. O cinza é cinza e acaba dando foco aos matizes que adormecidos estavam.
Batam palmas! Batam palmas! O circo acabou crescendo e tornou-se a totalidade com a avidez dos leões. Nada escapa de piadas que escaparam da boca dos sérios. Os almanaques já expõem todos os segredos. E a idade acabou dando adeus e saiu batendo o pé.
Eu sou o rei da loucura. Pode acreditar em mim. Fiz um jejum às avessas para melhor me apresentar. Cuidado com meu deboche. E não conheço nenhuma linha do caderno. Sou um carro com o freio arrebentado indo na contramão. 
Eu sou o desespero que acabou ficando calmo. Esqueci de todo o esquecimento e ainda penso que estou contente. Sambem mulatas! Mostrem que a malícia foi apenas o jeito que o mau-humor arranjou para se desculpar. Eu sou o extremo do extremo e faço careta para todos os deuses.
A puta e a imperatriz vieram juntas e juntas galgam os mesmos degraus da escada do Teatro Municipal. Haja memória! Estou tão sozinho e acompanhado do mundo todo. Somos a bola no gol e as palmas para o palhaço. Se vire por aí para arranjar desculpas para quando chegar de manhã em casa.
Trincheiras e covas são abertas para muitas cinzas. A ressaca do fim de tudo nos atingiu em cheio. Dói a cabeça e dói a alma. Onde estávamos? Nem a lembrança nos consola de coisa alguma. Não consigo nem engolir o meu cuspe...

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