sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Minh'Alma Se Perde

Resultado de imagem para barco no por do sol
Minh'alma se perde num grito
lá pelo infinito
lá pela imensidão
minh'alma faz um rito
tão bem mais bonito
em meu coração

Minh'alma se perde à toa
como outra pessoa
dentro da escuridão
a paixão não foi tão boa
acabou virando a canoa
faltou direção

Minh'alma se perde no vazio
tremendo de frio
entre o sim e o não
é como se fosse um cio
de um cachorro vadio
sem ter nem estação

Minh'alma se perde...

Não Ria da Minha Cara

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Não ria da minha cara
apesar de meu rosto estar pintado
sei que sou feio e tenho olho trocado
sei que ando curvado e fora do peso
a vida é assim, não fico mais surpreso

Não ria da minha cara
aprendi que quase tudo é normal
e que até dias tristes podem ter carnaval
sei que ando duro sem uma prata no bolso
e que a minha idade já não é mais de moço

Não ria da minha cara
sei que estou fora de qualquer moda
e que a minha queixa só te incomoda
doem os pés e também doem minhas mãos
e que os nossos sofrimentos foram todos vãos

Não ria da minha cara
eu não tenho culpa do que a vida me fez
agora é a minha hora depois será tua vez
pois sei que iremos praquele mesmo lugar
deitar de papo pro alto e então descansar...

Trago Amargo

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Trago amargo 
em amargo peito
não há mais jeito
o único jeito é chorar...

Trago amargo
em amarga vida
e a despedida
é o que mais há...

Trago amargo
em amargo riso
eu não preciso
nem lhe chamar...

Trago amargo
em amarga sorte
e é a morte
vai nos buscar...

Nem Tem Nada

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não tem nada nem tem estrada
nem tem...
cada dia é uma mancada
não há porém...

não tem gato nem tem rato
nem tem...
cada dia é um desacato
que vem...

não tem tia nem tem bom dia
nem tem...
cabou tristeza e nem tem alegria
não há vintém...

não tem mentira nem tem ziquizira
nem tem...
rebentou a corda da lira
não sou mais zen...

não tem doideira nem tem besteira
nem tem...
cada um com sua maneira
até no além...

não tem nada nem tem escapada
nem tem...
essa vida é uma grande piada
nem mal nem bem...

Adeus, Agosto

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Adeus, meu querido agosto, já algumas dezenas de vezes te vi e, se a vida assim me permitir te verei outras vezes no tempo que passar...
Daqui umas horas os ponteiros do relógio atravessarão a fronteira e será a vez de setembro. Isso faz parte da grande dança do tempo, o sol cumprirá o seu papel religiosamente todos os dias e as noites virão com os seus mesmos medos...
Adeus, meu querido agosto. Não posso reclamar do que aconteceu pelos teus dias. Tristezas e alegrias andam de mãos dadas por caminhos bons ou ruins...
Não posso reclamar do teu frio e nem de alguma chuva que porventura aconteceu enquanto percorrias o mundo. Uma primavera vai se aproximando como todas as outras e, mais na frente, acontecerá o verão que me agrada mais um pouco...
Adeus, meu querido agosto. Eu não vi tanto desgosto assim como dizem por aí. Novidades insólitas acontecem por aí aos montes é o que temos. Mentiras são contadas desde a primeira palavra ecoada na história dos homens...
Também não vi nenhum cachorro louco, deve ter até algum por aí pelas ruas, mas isso não importa. Conseguimos ser mais loucos ainda, correndo atrás de sonhos que nunca serão alcançados...
Adeus meu querido agosto, afinal de contas tu me viste vir ao mundo, dar o primeiro de muitos choros, ficar quase cego com a primeira luz que o espaço me ofereceu e até meus primeiros passos em direção ao nada...
Vai tranquilo e sereno, dar satisfação à história da própria história, mostrar a vida e a morte que aconteceu em teu seio, as ingratas batalhas, as insanidades efetuadas enquanto existias, mas também vai, sobretudo, mostrar os sorrisos que abrigastes, os novos amores e as muitas paixões que te fizeram voar...
Adeus, meu querido agosto, não repares esta pequena lágrima num canto do olho, é assim que tem que ser, é assim que sempre será...
Adeus, agosto...

Espera

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Eu espero que o tempo
esteja à correr
no tempo que assim
lhe apetecer...

Rápido, muito rápido
com toda pressa
que ele vá logo
é o que interessa...

Lento, quase parando
gotas escorrendo
pelas paredes os segundos
vão se escorrendo...

Sem dar algum aviso
sem explicação
quase que a morte
minha extinção...

Ou então anunciado
com data marcada
transformando tudo
em grande nada...

Eu espero impaciente
como o assassino
que muito antemão
selou seu destino...

Ainda com toda calma
frio e friamente
como quase um bicho
ou quase gente...

Eu sou apenas o Cão
vim da profundeza
venho trazendo tudo
menos certeza...

Também eu sou o anjo
e cheguei de lá
não tenho muito tempo
para aqui estar...

Aguardo o que não existe
tudo que já passou
e uma hora dessas qualquer
eu já me vou...

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

El Gran Circo de La Insatisfacción

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Temos medo. Desde de cedo. De procurar e não encontrar. E como essa procura dói. Destrói. Corrói. Nos passos dados na corda bamba. Isso dá samba. É uma manchete. Me dá um chiclete. E nos arrependemos de não ter nos arrependido. Isso faz sentido. Amores vãos. Amores não. Para serem ridos e chorados. De quaisquer lados. Todo dia é dia de faxina. Pura rotina. Eu fiz um chá. Não quer provar? É estricnina. Coloque três gotinhas de adoçante. É um bom calmante. Se prepare para a nova fila que montaram. Nos prepararam. Fila de que? De qualquer besteira. Nossa canseira. Nossas mentes já estão tontas. Aguente as pontas. O moderno e o antigo caem na porrada. Não dá em nada. E eu insisto em insistir em minha insistência. Pura demência. Existem mais palavras que num dicionário. Sou tão otário. De esperar o que não estou esperando. Ora, até quando? Lá vem os urubus. Todos em bando. Eu quero falar coisas bonitas. Pulgas malditas. Que me tiram da cama sem dormir. É isso aí. Durmo com as galinhas. Me acorda o galo. É meu regalo. Tem feridas que eu nunca saro. Já nem reparo. Nem nessa sina mais perversa. Não tem conversa. E as teclas do meu teclado endurecendo. Estou vivendo. Repito o que tem e o que não tem. Só tem um porém. Escrevemos e escrevemos e apagamos. Onde estamos? Num grande circo sem explicação. Claro que não! Esse circo não tem parada. Fica calada. Nem tem urso e nem tem leão. Só tem bobão. O equilibrista tem medo de altura. É uma figura. Lá vem o domador de feras covarde. Agora é tarde. A bailarina coitada está embriagada. Despudorada. O atirador de facas tem soluço. Outro pinguço. E o mágico não gosta de sobrenatural. Cara de pau. E resumindo esse circo vai sumindo na poeira. Grande besteira. E os palhaços? Ah! Esses somos nós...

O Longe

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O longe é mesmo aqui
Se caminhei, nem percebi...

Nem percebi que amar pode doer
Que chorar pode fazer crescer
Que a noite pode ter várias luzes
Enquanto levamos as nossas cruzes...

O longe é logo ali
Se me encontrei, também me perdi...

Perdi toda e qualquer noção
Quando me dominava a paixão
Aquele abismo que nos atrai
E não se percebe quando se cai...

O longe é quase aí
Se fui feliz, já me esqueci...

Esqueci de tudo, esqueci de nada
E a vida foi uma grande piada
Dessas que fazem rir sem motivo
Pois eu morro e continuo vivo...

O longe é mesmo aqui
Se respirei, talvez existi...

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Vazios

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casa vazia
quarto vazio 
cama vazia
somente
eu estou no frio
eu estou no cio
sou gente

vida vazia
estrada vazia
alma vazia
dormente
eu quero amor
não quero a dor
estou doente

olhar vazio
cor vazia
boca vazia
aumente
aumente o som
aumente o tom
aumente

...

Poema dos Nomes Esquecidos I

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Não me lembro bem de todos
quando muito me lembro de alguns
e estes já bastam pra me fazer chorar...

Há lugares que conheceram meus pés
mas o tempo foi andando devagarzinho
e acabou nem deixando suas marcas...

Existiam pesadelos que eram sonhos
águas muitas, casas voadoras, escadas amigas
mais que os remédios mais ruins
ou as agulhas que me faziam chorar...

A insistência do meu velho era grande
ir com o tempo mau atravessar o mar
e a grande cama que acabei voando...

Era uma ponte do rio para ser atravessada
e muitas luzes acesas e muitos barulhos
e a sua grande maioria já foi toda embora...

Lembra-se daqueles suspensórios, Zezé?
ficamos tão bonitos e tão iguais e tão diferentes
para aquela esquecida festa de casamento...

O menino segurava um radinho de pilha
e o outro se despediu sob uma árvore
e uma ponta de saudade ainda dói no peito...

Eu era quase leve e andava sobre teus pés
e a escuridão daquela casa antiga e grande
povoará minhas retinas até o final dos tempos...

Assim era muitos e muitos e alguns nomes
que eu reparava em todas aquelas curvas
e nunca mais terei tempo de pedir perdão...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

AbsurdaMente

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um troço um traço
não sei não passo
podia ser diferente
a perna e o braço
já foge da mente

um treco um passo
falta meu espaço
já estou tão doente
o tédio e o cansaço
podia ser diferente

um traque um maço
fiquei preso no laço
tão apaixonadamente
não faço e desfaço
já se nasce no poente

um risco um fracasso
não clareio embaço
é isso tão-somente
o erro foi crasso
tão ab-sur-da-men-te


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 28 de agosto de 2018

O Tempo Não Passa

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O tempo não passa...
Reside no fundo dos nossos olhos
eternamente...
No doce e no amargo que se confundem
em nossas almas...
Recordações alegres...
Recordações tristes...
De um desamor...
ou de um bem querer...
Um barco navega ao longe
e eu não sei para onde vai...
Nunca sabemos... essa é a verdade...
Essa confusão nos tonteia
e acaba nos enganando...
Nada morre... tudo persiste...
mas estamos quase cegos e não vemos...
O tempo não passa...
Insiste conosco em dar voltas pelo ar...
Por mais que neguemos
e por mais que queiramos
e por mais que lutemos...
Estamos imersos nas águas
de um rio profundo
que chamamos eternidade...

Alguns Sins, Muitos Nãos

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Compreenda, meu amigo, a vida é assim, sim. Faz parte do nosso percurso nos entristecermos vez em quando. Faz parte da vida uma série de coisas que nem sempre achamos agradáveis, mas que fazem parte do nosso enredo...
Está triste agora? Pense em quantas vezes você já foi feliz! Intermináveis vezes o riso visitou seu rosto, quantas vezes achar graça ou ter algum contentamento foi sua rotina? Lembre-se que o sol ainda está no mesmo lugar mesmo nas maiores escuridões das noites frias...
Existem inúmeras dúvidas afligindo sua mente? Aproveite, meu amigo, são delas que a certeza mais certa virá ao encontro dos seus objetivos, são elas que não deixarão você tropeçar e cair pelo caminho...
Os problemas estão batendo em sua porta? Isso faz parte do seu destino, é um compromisso há muito aceito, mas mudar a direção da correnteza é sua decisão e de mais ninguém...
Os sonhos estão indo embora? Se foram embora, não eram para ser os seus, os verdadeiros sonhos ficam sempre conosco, apesar de todas as adversidades que possam aparecer...
Um amor lhe traiu? Preste atenção, amores são como tiros que damos, só acertam se nossa pontaria for exata. Como as coisas acontecem é que como deveriam acontecer...
Compreenda, meu amigo, a vida é assim, sim. O barco que você navega é seu, só você segura o timão e só você será responsável pelas águas que navegar. Todo desespero é tempo jogado fora e o tempo é tão precioso...
Para algumas ações devemos ter muito cuidado em fazê-las, outras não. Quando tiver vontade de sorria, sorria e, se o sorriso quiser se transformar em riso, não pense duas vezes - ria. Quando der vontade de cantar aquela canção, não espere mais um segundo - cante. Dance todas as vezes que der vontade, e, se não tiver, dance assim mesmo. Lembre-se que o Universo dança o tempo todo, é tudo um interminável bailar e temos que segui-lo em seus belos passos...
Mas isso não lhe impede de chorar também, eu não falei isso! Chore quando bater saudade daquilo que foi bom e partiu, mas que seu choro seja feito de contentamento porque aquilo um dia foi seu. Chore também de ternura, chore por muitas coisas, enfim, mas nunca chore quando o choro vier de seu lado mau.
O mal, meu amigo, é digno de desprezo, digno de desatenção. Ele vai passar, assim como até as coisas boas passam, mas perder seu tempo como ele é a verdadeira perda de tempo...
Compreenda meu amigo, a vida é assim sim. Feita de alguns sins e de muitos nãos...

(Extraído do livro "Novos Textos Poéticos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Eu Tenho Um Sol

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Eu tenho um sol...
Ele não brilha todos os dias
Mas tenho...

Mesmo em manhãs escuras 
E em manhãs tristes e frias
Eu sei que ele está lá...

Eu tenho um sol...
Nem é sempre que estou contente
Mas uns poucos dias sim...

A vida não é feita só de alegrias
Nem sempre é dia de festa
Mas nem só de luto também...

Eu tenho um sol...
Não tenho um amor ao meu lado
Mas eu já tive...

Devemos resistir bravamente
Porque a vida foi feita
Para se viver assim...

Eu tenho um sol...
Ele não brilha todos os dias
Mas tenho...

Poema Frio

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eu morro à cada dia
quando o dia nasce
e o que parece alegria
é apenas um disfarce

eu morro rindo, brincando
ninguém vai perceber 
tudo que está respirando
um dia há de morrer

eu morro e a desilusão
se tornou tão igual
não existe explicação
para o bem ou para o mal

eu morro num canto
cada segundo contado
há muito se foi o encanto
frio, mais que frio, gelado...

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Maçãs e Biscoitos de Polvilho

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Bons dias aqueles...
Mesmos em dias enevoados pela água
O tempo que distancia as coisas...
Eu sinto um nó na garganta e quase choro...

Por onde andará aquele menino?
Talvez eu o encontre qualquer dia desses...

Minha avó uma mulher de gênio forte
Sempre sorrindo por trás dos óculos...
Meu avô aquele senhor quase silencioso
Que me colocava no colo e contava histórias...

Por onde andará tal inocentes coisas?
Talvez os anjos pegaram e levaram para os céus...

Dona Odette vinha sempre de ônibus
E trazia grandes pacotes de maçãs bem vermelhas...
Seu Raymundo preferia andar de trem
E lá mesmo comprava biscoitos que eu adorava...

Por onde andarão meus dois queridos?
Talvez a briga de vocês já tenha acabado...

Cuidem bem de mamãe que deve estar com vocês
É  a vida que se segue entre muitos choros e alguns risos...
O que sobrou pra mim foi algum pedaço de esperança
Mas que saudade me dá daqueles eternos gostos...

(Extraído da obra "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Feira Livre II

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Feira livre
fera livre
nada tive

é manhã mas o cão ainda uiva lá fora
nem toda a espera é sinal de ir embora
e a nossa quimera ocupa toda a hora

Fado triste
lado existe
dedo em riste

o quase nada é o quase nada que a gente é
os muros do passado ainda estão de pé
e alguma loucura pode ser chamada de fé

Fato agudo
galo mudo
nada tudo

dormir sem dormir e tão ter mais sono algum
tudo é aquele jogo aquele jogo do resta um
eu quase dei bobeira quando quase fiquei bebum

Menina bonita
sina aflita
quase irrita

mais impossível que o possível que já se acabou
o mais perto é o longe que conheço pois não estou
engraçado agora todo som pra mim é rock n'roll

Minha ilha
minha trilha
minha filha

o teatro é de arame mas cuidado o arame é farpado
tenho ciúmes até quando sou eu que está ao seu lado
até meus dias de luto também tiveram algo engraçado

Feira livre
fera livre
nada tive

(Extraído da obra "Feira Livre & Outras Feiras" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 25 de agosto de 2018

Impossíveis Histórias (Talvez Prefácio)

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Impossíveis histórias. É tudo que tenho. As mãos cheias e os dedos vazios. O coração numa encruzilhada sem direção alguma. O viajante que desconhece o roteiro, mas que continua sua trilha. A areia escorre. Os grãos possuem algum brilho.
Andar é o que podemos. Chorar é o que temos. Milhares de vezes as mesmas palavras. Juro por tudo o que puder que o esquecimento não morará em mim. 
A chuva cai. Em dias tristes. Em dias alegres. Tanto faz. O luto é o mesmo. Catamos mais migalhas que os pombos. Contra a maré é o nosso partido. E o coração partido como já falaram outros tantos. Eu quase que notei. E também tomei nota. Há muitos espelhos e quase nenhum rosto. Esqueça por ora as tristezas. Dia sim, dia não. É porque os pés são de veludo, mas as mãos são de aço.
Todos os caminhos vão dar em Roma. Hoje é seu dia de folga. E qualquer hora dessas eu consigo. Um grande amor mesmo que seja bem pequeno. Mesmo que seja na véspera das minhas cinzas. Quase que não aprendi minha lição. Observem atentamente, percebam o meu nervosismo. Eu gaguejo como os que estão sãos. As minhas histórias são banais e com um final mais que previsto.
Os detalhes se acabaram e é impossível ler os epitáfios sem que sejam quebradas as lápides. Eu faço por gosto todas as minhas reclamações.
Meus mortos estão todos lá. Alguns e outros em arrumadas fileiras. Tenho algumas névoas como é de praxe. Nada que não se resolvam com umas boas anedotas. Boas gargalhadas nunca são demais. Mesmo quando em horas solenes, em horas impróprias. Somos o que somos. Destros canhotos. Em um samba do crioulo doido. Sem esquecermos das polcas e lundus. 
Aqui está nosso pescoço! Podem colocar logo a corda. Faltam apenas alguns minutos para daqui há pouco. E todo tempo, todo tempo mesmo que necessário seja. 
Festas são necessárias, todas elas. Várias fogueiras então. Estrelas subindo sempre e muitas. Aéreas sinas e alguns sinais. Vários símbolos secretos que escondemos sob as mangas. 
Impossíveis histórias. E um caminhar quase na sombra...

(Extraído do livro "Impossíveis Histórias" de autoria de Carlinhos de Almeida).

O Terninho Azul

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Mesmo saindo de cena
E os simples pedaços de papel agora rasgados
Eu te eternizo em meu coração...

Era tão lindo!
E como fiquei contente quando o ganhei
Talvez mais que um beijo ganho...

Ainda posso sentir o linho...
As calças curtas que davam um certo charme
E o paletó com seus botões enfileirados...

Lembra-se do bolso?
Lá estavam os ramos verdes
A coroa amarela e o pássaro branco...

Meu lencinho impecável
Que minha mãe sempre dobrava
E eu fazia questão de levar sempre...

Se não me engano
Eu ainda usava aquelas botinhas
Mas já podia usar o cabelo grande...

Não lembro do dia que ganhei de minha avó
Mas isso não é muito pecado
Pelos muitos anos que se passaram...

Você foi embora há muito tempo...
Mas ficará guardado no livro da eternidade
Como o terninho azul que alegrou um menino triste...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Apenas Um EntreAto

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Apenas um entreato
coisas e coisas que não sabemos
apois e pois é o que é
simplesmente vivemos...

Com alguns símbolos
mas com toda e qualquer magia
respiramos e dormimos
mas quem diria?

O certo e o errado
vão constantemente digladiando
e o que mais fazemos?
correndo o tempo e se lamentando...

A inocência e a maldade
vão juntas de braços assim dados
e a cena encenada no palco
rosas e tiros em todos os lados...

Apenas um entreato
o gato e o rato em sua missão
e sem saber nós queremos
temos não temos a exaustão...

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O Poço

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o poço
sem pêndulo
apenas aflição
o que tenho
o que guardo
uma escuridão

num terreno baldio muitos anos atrás
como sou até hoje há muitos carnavais
despertem as estrelas acendam os rojões
não há nada que mate nossos corações

a peça
um enigma
não tem solução
porque venho
porque espero
outra embarcação

haviam flores bonitas hoje não tem mais
eram canções inauditas em meus festivais
as luzes da roda-gigante são meus clarões
e ainda tremo pelos fantasmas pelos porões

o passo
um trajeto
sem direção
estou aqui
estou ali
sou exaustão...

Um Poemeto Erótico

tuas curvas
a estrada onde se vai adiante
em malícia inocente
que total eternidade

teus pelos
as margens de um rio
que segue sempre adiante
ao grande mar

teus seios
os everests escondidos
sob as águas eternas
e os bicos brinquedos

teus beijos a umidade
suficiente para desejos
inconfessáveis tramas
assim sucedidas

teus gemidos
os demônios alçaram céus
louvores mui dignos
em eternas harpas e clarins

Noite da Impossibilidade

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Vem, meu amor, chegue sem pudor algum, vamos chorar mais um pouco. O dia já escurece e as coisas vão todas mudando de forma e cor também...
É noite. Já percebeu? Noite lá fora no mundo, noite aqui dentro em nossas almas. Milhares de pirilampos estão vindo em nosso socorro para que nossos pés tropecem mesmo. As estrelas estão agora um tanto ocupadas, numa grande sinfonia de seu eterno silêncio...
Talvez um ou outro habitante da noite venha compartilhar de nossa tristeza ou ainda querer nos matar. Não importa. Você está ainda viva e eu já morri há muito tempo...
Lembra-se de minha morte? Foi no dia em que vi os seus olhos pela primeira vez. A profundidade deles superou o castanho comum de um dia desses que se amanhece sem perceber algo e quando vemos as correntes estão atadas em pés e mãos...
Sim, naquele dia eu morri, sem poder acompanhar os seus passos, sem compartilhar os sorrisos (mesmos que comuns) porque nada é tão diferente do que o que nós mesmos vemos...
O jeito de jogar o cabelo, meio embaraçado, meio não. A pouca maquiagem de dias comuns. O modo de sorri como tantos outros. A presilha que se quebrou e eu peguei do chão e guardei, como quem guarda o tesouro mais precioso...
Vem, meu amor, chegue sem temor algum, talvez até seja a hora de rir e não de chorar. Rirmos de algumas piadas só nossas, que nós fizemos e são como um enigma que mais nenhum mortal possa entender...
Da noite virá um outro dia. Já percebeu? Triste, mas é verdade. Amanhã não poderemos dar mais que um simples aceno, mas nossos olhos, tanto os meus, quanto os seus, falarão mais palavras do que todas as bocas juntas...
Segue seu caminho, de encontro á tolice que cobre nossos dias sem assim o podermos evitar. Deixe em mim apenas as lembranças das visitas quando a luz iluminava o meu cárcere e a solidão se dissipava com a sua presença...
Experimente outras bocas que são destituídas de alguma paixão, apalpa outros corpos que jazem mortos, apesar de vivos. Outros novos corrompidos por uma velhice de idéias, uma escassez de sonhos e pela nulidade de alguma fantasia, a verdadeira fantasia do existir...
Eu aguardo uma chance louca e quase impossível, assim como os sonhos de qualquer poeta. Os versos são meus cúmplices nos planos bons que estão em meus bolsos, já me acostumei com a escuridão de tortuosos labirintos...
Vem meu amor, pelo menos dar um beijo na testa, como se beija aos mortos...
Fica com Deus... 

(Extraído do livro "Novos Textos Poéticos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Eu Vi O Pranto

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eu vi o pranto
mas entretanto
também vi alegria
eu vi o canto
meu acalanto
a luz do novo dia

eu vi meus versos
agora dispersos
soltos pelo ar
eu vi os reversos
o fim dos perversos
triunfo do amar

eu vi a prece
e o que parece
uma esperança
eu vi que cresce
a nova messe
como criança

eu vi meu próprio choro
mas assim mesmo o engoli...

Um Real de Pão

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Deixe toda a tristeza num canto
os dias nascem para nós mesmos
o vento fala coisas que eu não sabia
e a vertigem pode ser tão boa

Ande por todas as ruas são nossas
apesar do medo que pode se esconder
em cada esquina em cada ponta
é tudo que temos enquanto vivos

Os pés podem doer como sempre
quem não vai depois de tanto caminho
o mar não se cansa com seu vaivém
e até as pedras me deram bom-dia

Onde estão os meus amores eu não sei
mas deixaram muitas marcas é tatuagem
deixa eu ficar por aqui mais um tanto
as nuvens são tão lindas de se ver

Um carnaval há de vir eu bem sei
há coisas tão divertidas como soltar pipa
e ver estrelas luzindo pela escuridão
os meus versos ainda vem fazer sua visita

Deixe a toda a tristeza num canto
eu prometo que falo as palavras mais fáceis
e agora me dá licença tenho que ir logo
na padaria da esquina comprar um real de pão...

Pequena História Até de Rir

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eu nasci você nasceu todos nascemos
com a expectativa de muita coisa ou coisa alguma
sabe-se lá quem será quem não será também
a dúvida senta-se no trono e dita as regras
a indecisão é o advogado de defesa no nosso tribunal
cada minuto é um processo extremo de envelhecer
e as desilusões chegam que nem mosquitos no mato
ainda mais quando se cai a noitinha em nós...
eu quis você também todos queremos
sermos autores de crimes sem sermos os culpados
participarmos de algum projeto pela salvação dos dias
lançarmos a última palavra saída da boca da moda
esse dragão mais feroz do que os de desenho animado
tudo nesse mundo tem seu pedaço de culpa menos nós
é tão fácil falar belas frases em nossas redes sociais
basta apenas um clique no mouse e já estamos lá...
eu permaneço você permanece estamos por um triz
e as guerras não nos atingem só no nome
e fazemos a postura que pareça mais adequada
não sabemos aonde colocamos a lista de compromissos
comer dormir e ser alguma coisa acabada bastando
porque no meio da noite acorda-se assustado
não pelo que nos espera quando amanhecer o dia
mas pelo que temos certeza que nunca acontecerá...
eu minto você mente quase falamos a verdade
acabamos fazendo o nosso esforço pra que tudo vá bem
mas esse bem por mais um tantinho é quase que mal
a roupa até que ficou bem lavado só tem uma manchinha
e o especial quase que ficou bem comum nessa treta
em tudo entramos em qualquer fila até pro fracasso
a bailarina já tropeçou e caiu no meio da dança
e a esperança acabou indo pro endereço trocado...
eu não quero você também longe de nós
toda humana história poderia ser motivo de riso
cada lance escondido cada carta sob a manga
mas o epitáfio ajudará na última tarefa dum disfarce
durma em paz fique em paz quem nunca a teve
o trabalho do senhor coveiro nunca que acaba
e quem terá por aí alguma nova piada pra nós rirmos?...

(Extraído do livro "Só Malditos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Pela Metade

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pela metade
insatisfatória mente
meio sono 
meio dono
enxerga a lente

pela metade
claro e escuro
meio tino
meio nino
conhece o obscuro

pela metade
verdadeira mente
meio drama
meio ama
sente não sente

pela metade
quase nadamente
meio aqui
meio ali
estrada serpente

pela metade
mor mente
meio dono
meio sono
quebra a lente

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Palavras Comuns, Mesmas Palavras

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Eu repito as mesmas palavras
Em versos quase que iguais
Porque assim são também os dias
Em suas mesmices sensacionais

São repetidas as mesmas dores
E só podemos é tê-las bem mais
Lugares comuns e fatos incomuns
Vamos dançando sob os temporais

As filas vão apenas se repetindo
E os nossos erros são agora gerais
Estamos doentes e sem os remédios
E agora só temos outros carnavais

E notícias mais que duvidosas
São impressas em letras garrafais
Passo mal de ver tanta mentira
Me traga logo depressa meus sais

Agora chegou uma nova moda
Iremos nos cobrir com os lamaçais
Pois até os nossos ricos patrões
Do sistema são apenas serviçais

É preciso muita cana pra essa moenda
Porque agora teremos novos cachaçais
Vem a fama e a grana e a outra ilusão
Mas a sorte e a morte vem logo atrás

Eu repito as mesmas palavras
Em versos quase que normais
Porque assim são também os dias
Agora já estão fechados todos sinais...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...