Eu sou aquele velho insone
que percorre silenciosamente
quase todos os cômodos da casa
atrás de mosquitos imaginários
enquanto as madrugadas
acabam morrendo aos poucos
eu sou apenas um arremedo do que fui
eu sou quase isso...
Eu sou apenas mais um cidadão
que vê uma tecnologia desvairada
que aos poucos engole as pessoas
e olha que nunca fomos bons mesmo
mas todos os exageros à parte
fica difícil engolir tanta mentira
eu sou apenas um parafuso na máquina
eu sou quase isso...
Queria ter eu mais um pouco de alegria
dessas alegrias que são mais bonitas
porque não são apenas as nossas
mas são as alegrias de todos os homens
só que como andam as coisas
a sobrevivência virou um ato extremo
eu sou ao mesmo tempo capataz e escravo
eu sou quase isso...
Mesmo assim vastos ainda são meus céus
e que cada delírio seja muito bem vindo
sonhar é tão necessário quanto respirar
e mesmo que o amor tenha ido embora
eu ainda amo a minha velha alma
e até a hora que a morte vir me buscar
eu ainda continuo sendo um sonhador
eu sou quase isso...
(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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