Desculpe, meu caro amigo,
Você me pediu algo que não posso fazer...
Eu não posso lhe ensinar o que não sei,
Não sei lhe indicar o caminho
Porque estou perdido nele há muito tempo...
Versos são agradáveis labirintos
Onde nos perdemos por vontade própria...
Estrofes são tijolinhos de madeira
Que o menino vai equilibrando aos poucos...
Rimas são velhas canções que cantamos
Em meio ao desconhecimento amoroso
Que carregamos sempre e sempre...
Eu não sei fazer metrificações exatas,
Não conheço os segredos de como agradar
Quem leia o que tristemente acabo fazendo,
Eu só tenho choro e é isso que posso dar,
O fanatismo de um amor impossível é que tenho,
Guardo um sorriso para horas de desespero,
Trago o quase cadáver da minha esperança
Para que ele me salve de antecipada morte...
Desculpe, meu caro amigo,
Eu só conheço regras para poder quebrá-las...
A minha rebeldia toma conta de mim sempre,
E eu vejo o universo como uma grande dança,
Se estou cansado demais ou não estou
Isso já é uma outra e complicada história...
A inspiração vem me incomodando,
Chega gritando e atrapalha meu sono,
Termina com o silêncio que prometi fazer,
Mas não é culpa dela, pobrezinha,
Afinal de contas, o mal educado aqui sou eu...
Eu sou um cara extremista, assim o confesso,
Desses que andam muito por aí,
Imaginando uma felicidade quase fictícia,
Esperando milhares de aplausos de pé
Que até eu achei que afinal não terei...
Se há algum segredo por trás disto tudo,
Alguma fórmula mágica que dê algum resultado,
Eu até hoje ainda não descobri
E talvez no fundo nem mesmo a quero...
Porém, você vai conseguir o seu intento
De uma forma muito simples e muito prática
(Pelo menos é o que acho que é):
Viva desesperadamente cada segundo que houver,
Engula rápido todos os sonhos antes que fujam,
Seja louco o suficiente para acreditar no amor,
Faça da esperança sua amada mais fiel...
Os versos são amigos verdadeiro, mas são complicados,
Chegam nas horas mais imprevistas possíveis
E ás vezes ficam para jantar e às vezes somem
Sem nenhum motivo aparente para isso...
Você tem a vantagem do tempo que ainda não passou,
Use-a com a maestria que só os jovens possuem...
Eu tenho a vantagem do tempo que se passou,
Andei por muitas terras, mesmo quando não saí do lugar...
Não posso lhe ensinar segredos que não sei,
Mas muita coisa posso aprender consigo...
A ternura é um grande depósito à nossa disposição,
Peguemos a chave no bolso e abramos a porta logo
Pois ela é tão importante quanto o ar que respiramos,
Sem ternura e sem ar certamente morreremos,
Mas continuarmos vivos se mortos pode ser muito pior...
Desculpe, meu caro amigo,
Eu não posso lhe explicar como escrevi meus poemas,
Eles são apenas alguns claros enigmas,
Mas a minha memória nunca foi mesmo boa,
Alguns deles, são velhos amigos,
Mas outros (a maioria) são ilustres desconhecidos,
Eu os comparo com aquelas pessoas
Que passam pelas ruas e nos cumprimentam,
Eu acabo retribuindo o seu amistoso gesto
Mas acabo não lembrando quem elas são...
Felicidade é o que lhe desejo, hoje e sempre,
Peço que você não se preocupe com detalhes,
A maior das poesias que você poderia escrever,
Já está sendo escrita faz tempo há muito tempo,
Depende de você apenas se ela será bonita ou não,
Todos os detalhes dela só estão ao seu alcance,
Essa poesia costumamos chamar de vida
E depois dela... só haverá mais uma para ser escrita...
Desculpe, meu caro amigo,
É que eu não sei fazer poesia...
(Para o jovem Poeta Fernando Rodrigues, extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Muito bonito
ResponderExcluirLindo, muito obrigado a você Carlinhos de Almeida por esta homenagem, que DEUS seja contigo hoje e sempre e nos abençoe com o verso de cada dia. Amém.
ResponderExcluirMuito bom!! Poesia faz a vida ser mais leve para carregar o peso de uma existência, é o enfeite de tudo quanto existe, seja feio ou bonito.
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