quinta-feira, 18 de julho de 2019

Duas Faces da Mesma Urbanidade

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A minha urbanidade 
me incomoda bem mais que um calo
e acabo falando tanto
que nem me lembro mais do que falo
eu sigo todas as tendências
que nos fazem escravos desta moda
mas como tudo isso dói
como tudo isso me incomoda

eu durmo no Rio 
eu acordo em São Paulo...

A minha sanidade
está aposentada desde muito tempo antes
e as coisas mais simples
acabaram virando batalha de gigantes
eu remo contra a maré
mesmo sabendo que a canoa está furada
e até aquela velha rebeldia
está também quase que aposentada

eu carnavalo no Rio
eu amaluqueço em São Paulo...

A minha duplicidade
vai sangrando cega por todas estas ruas
e não sei onde mais vai dar 
as vidas vestidas e as mortes tão nuas
eu não sei mais qual destino
só sei que aos poucos vou chegando
não importam mais os pés
nem reparo se eles estão sangrando

eu gargalho no Rio
eu choro em São Paulo...

(Para o grande amigo, músico e poeta Maurício Musa, extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Um comentário:

  1. parabens amigao Carlinhos.. lindo poema... Quiça eu declame para voce. manelostar

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