a métrica é cética e anti-ética
a modelo pornô tem um orgasmo
eu gasto toda a minha dialética
pra ficar no mesmo marasmo
espada de papel do samurai
todas as dúvidas caíram por terra
mais um dia e o arranha-céu cai
a nova piada do dia é a guerra
economizamos cada um tostão
para pagarmos um enterro decente
não se trata nem dessa questão
mamãe me socorre eu tou doente
a urbanidade me cerca de requintes
que acabam arrancando meus dedos
desculpe lá alguns dos meus acintes
são produzidos pelos meus medos
a verborreia se torna contagiante
na proporção exata da minha fome
não sei se retrocedo ou sigo adiante
a minha loucura nunca teve nome
acabei tendo a sensação estranha
poderá ser mais um infarto por dia
mesmo correndo a gente apanha
apanha da tristeza e da alegria
eu canto aqui esse meu protesto
como se fosse um pião em rodopio
e em cada olhar e em cada gesto
sinto um calor que é o mais frio...
(Para o poeta Bruno Aguilera, extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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