Pela manhã, o rapaz de capuz
anda na garupa do velho de moto,
abre a boca ainda sonolento
e nem sabe o que reserva
os próximos cinco minutos,
se estará vivo ou não,
se seus sonhos continuarão
ou se será apenas um número...
Esta é apenas mais uma atração
do Grande Circo...
O menino olha as coisas da rua
e respira como todos o fazem,
mas desconhece se isso dura
ou se será apenas passageiro,
surpresas sempre acontecem,
o curso natural de tudo que existe
é que o rio vá se encontrar
um dia desses com o mar, mas...
Esta é apenas mais uma atração
do Grande Circo...
O céu está limpo e sem nuvens,
não há nenhuma aeronave à vista,
o silêncio cobre os céus e além,
mas o de repente é a palavra de ordem,
um ataque súbito pode se realizar,
os prédios poderão cair como cartas,
basta apenas um apertar de botões,
assim como sopra o vento...
Esta é apenas mais uma atração
do Grande Circo...
A bala perdida é achada finalmente,
a faca encontra seu alvo de carne,
os ossos são quebrados totalmente,
o aparelho pára de funcionar,
o lençol é puxado para cobrir o rosto,
não há mais nada para se fazer,
chamemos os parentes compungidos
para executarem sua tarefa...
Esta é apenas mais uma atração
do Grande Circo...
A temperatura da madrugada caiu,
a fome chegou ao seu limite máximo,
a doença minou todo um sistema,
os vírus fizeram a sua festa,
os olhos fecharam de uma vez por todas,
a geladeira tem mais uma gaveta ocupada,
um novo epitáfio será escrito
e todas as frases feitas vão ser repetidas...
Esta é apenas mais uma atração
do Grande Circo...
(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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