O poema está no telhado
o poema está no portão
num silêncio guardado
tanto um sim como um não
está na dança das horas
num porto de solidão
impacientes demoras
chegar logo à estação
O poema é mais antigo
é bossa nova inovação
é meu amigo e inimigo
se escondeu lá no porão
se perdeu pelas estradas
está fazendo a sua lição
é o medo de subir escadas
e também de pôr a mão
O poema será um dilema
a mais delicada questão
qual será o seu tema
se serenidade ou paixão
ele é o rei da cidade
ele é o profeta do sertão
o jovem em sua mocidade
e é o cansaço do ancião
O poema é apenas vertigem
é a placa de contramão
parece a pureza da virgem
é a mais pura devassidão
é o que quero e não quero
os acordes de uma canção
aquilo que eu não espero
são os tiros sem munição
O poema está no telhado
o poema está no portão
o ser que já foi criado
também dono da criação
está na dança das horas
num porto de solidão
arranquem logo as escoras
começou a demolição...
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