Varanda morta.
Paredes que não posso mais ver.
Sóis que agora repousam em túmulos.
A felicidade sempre se disfarça...
Resto de cerveja.
Aquele movimento ficou acorrentado.
O açúcar acabou se tornando o sal.
A incerteza é a única que acerta...
Tambores mudos.
Cravaram alfinetes nas borboletas.
Cada passo acabou virando queda.
Temos previsão de chuva para ontem...
Semáforo cego.
Sobram rugas mas escasseiam closes.
O silêncio pode ser apenas perversão.
O prato caiu e a comida foi ao chão...
Escassa lida.
O sinal repentinamente trocou de cor.
Até a indiferença sabe fazer uns versos.
O caos também obedece algumas ordens...
Ouro empobrecido.
Somos uma legião de pobres esquecidos.
Toda cama parece mais uma navalha.
A pimenta sem gosto também pode queimar...
Farol apagado.
Toda praga teve começo com uma benção.
Nas rosas que secaram sobrevivem perfumes.
Esquecemos que o tempo é sempre malvado...
Rato jejuando.
Todas as cédulas irão para um incinerador.
Assaltaram o banco para roubarem sorrisos.
Nossa paixão é desprovida de todas as letras...
Dentes confusos.
Esqueci alguma pergunta aqui no meu bolso.
Nenhum funeral ficou sem ter alguma risada.
A moda agora é só pedir o que não se quer...
Prego crucificado.
Nosso dicionário agora está insuficiente.
Ou comemos a terra ou a terra nos come.
A nova ordem mundial agora é a desordem...
Guerra camuflada.
Nossa estratégia é cairmos duros no chão.
Não me lembro nem se respirei anteontem.
Na hora H justamente faltou essa letra...
Varanda torta.
Paredes que não posso mais ler.
Mortos se recusam repousar em túmulos.
A felicidade sempre se disfarça...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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