quarta-feira, 23 de julho de 2025

Vários Nadas

Varanda morta.

Paredes que não posso mais ver.

Sóis que agora repousam em túmulos.

A felicidade sempre se disfarça...


Resto de cerveja.

Aquele movimento ficou acorrentado.

O açúcar acabou se tornando o sal.

A incerteza é a única que acerta...


Tambores mudos.

Cravaram alfinetes nas borboletas.

Cada passo acabou virando queda.

Temos previsão de chuva para ontem...


Semáforo cego.

Sobram rugas mas escasseiam closes.

O silêncio pode ser apenas perversão.

O prato caiu e a comida foi ao chão...


Escassa lida.

O sinal repentinamente trocou de cor.

Até a indiferença sabe fazer uns versos.

O caos também obedece algumas ordens...


Ouro empobrecido.

Somos uma legião de pobres esquecidos.

Toda cama parece mais uma navalha.

A pimenta sem gosto também pode queimar...


Farol apagado.

Toda praga teve começo com uma benção.

Nas rosas que secaram sobrevivem perfumes.

Esquecemos que o tempo é sempre malvado...


Rato jejuando.

Todas as cédulas irão para um incinerador.

Assaltaram o banco para roubarem sorrisos.

Nossa paixão é desprovida de todas as letras...


Dentes confusos.

Esqueci alguma pergunta aqui no meu bolso.

Nenhum funeral ficou sem ter alguma risada.

A moda agora é só pedir o que não se quer...


Prego crucificado.

Nosso dicionário agora está insuficiente.

Ou comemos a terra ou a terra nos come.

A nova ordem mundial agora é a desordem...


Guerra camuflada.

Nossa estratégia é cairmos duros no chão.

Não me lembro nem se respirei anteontem.

Na hora H justamente faltou essa letra...


Varanda torta.

Paredes que não posso mais ler.

Mortos se recusam repousar em túmulos.

A felicidade sempre se disfarça...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vila dos Impossíveis

Qualquer palavra é válida Mesmo em outro idioma Que não é o nosso... Todas as cores são cores O arco-íris é prova  Mais viva de tal fato... ...