Naqueles dias que a chuva machucava
Até os meus gritos foram silenciosos,
Dias de pessoas, coisas e seres sumidos
Num vendaval que levou tudo pra longe...
Eu nem preciso explicar...
Dias de noites do canto dos bacurais
Que o menino franzino tinha mais sonhos,
Que a mágica nada mais era que realidade
E todas as cores eram com certeza mais vivas...
Eu nem preciso explicar...
Ressacas de intermináveis frios dos agostos
Como fosse uma velhice que chegou adiantada,
Dores que foram deixando eternas cicatrizes
Sem saber se a luz um dia vai se apagar ou não...
Eu nem preciso explicar...
Aqueles teus olhos tão mais lindos e castanhos.
Hipnotismo que não sei se da serpente ou encantador,
Que me jogaram lá do alto para o fundo do abismo,
Mesmo passado tanto tempo e a queda continua...
Eu nem preciso explicar...
Nos escombros da cidade bombardeada sobrou o cadáver...
E eu nem preciso explicar...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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