segunda-feira, 21 de julho de 2025

Tiro de Misericórdia

Eu tentei porque tentei porque tentei

Em manhãs ensolaradas de chuvas torrenciais

Transformar tardes de domingo em segundas

Pelo simples fato de domingos me entristecerem...


Caminhei porque caminhei e caminhei

E meus pés ainda estavam ali mesmo cansados

Numa grande e inusitada aventura comum

De saborear pedaços sem gosto de minha rotina...


Celebrei porque celebrei e celebrei

Algumas tristezas que chegaram a tempo da festa

O inusitado veio agora nos fazer companhia

Até o óbvio possui certos ares de inesperado...


Gritei porque gritei porque gritei

Foram tantos os estilhaços do nosso dia-a-dia

Que o sangue serviu para lavar nossa calçada

E ossos dos mortos assim todos tremeram...


Apaixonei porque apaixonei e apaixonei

Como se ela fosse todas as nuvens que tem o céu

Junto à as águas de todos os rios e os oceanos

Mas ela é uma ilha ignorada que não tenho mapa...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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