terça-feira, 22 de julho de 2025

O Muro

O muro não falava nada.

Foi construído num acaso sem acaso

Para guardar o que podia.

(Pobre dele, ninguém guarda o tempo...)


Ninguém passava por ele.

Mas as trepadeiras podiam subir

E os meninos também.

(Inútil guardião, tente segurar o ar...)


O muro não sabia sorrir.

Só que isso era desnecessário

Os muitos sóis faziam isso.

(Fora os muitos rabiscos que haviam...)


O muro um dia iria cair.

Não lhe importava tanto isso

Porque cumpriu seu papel.

(Ele nunca invejou as montanhas...)


O muro até falava e sorria...

(Só que ninguém escutava...)


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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O muro não falava nada. Foi construído num acaso sem acaso Para guardar o que podia. (Pobre dele, ninguém guarda o tempo...) Ninguém passava...