Quem tem aí uma velha invenção para inventar?
Quem tem aí uma diferente versão para o verbo amar?
Ou quem sabe uma daquelas revistas tão mais antigas?
Quem tem aí um daqueles tempos com caras amigas?
Alguém ainda possui aqueles versos que eram inocentes?
Ou uns pés descalços para caminhar entre as serpentes?
Quem tem aí? Quem tem aí? Quem tem aí?
Quem tem aí uma reza sem pecado para fazer ao Santo Padre?
Quem tem aí um maço de velas para acender para a Comadre?
Ou aquele padê de dendê para oferendar para o meu Senhor?
Ou algum mapa para poder me mostrar onde é que estou?
Quem tem aí aquela roda de samba sem medo de madrugada?
Ou aquele orador quem não tem medo de ter palavra errada?
Quem tem aí? Quem tem aí? Quem tem aí?
Quem tem aí mais um doce que nem os que fazia a tia Inês?
Quem tem aí pelo menos um pingo de razão para o freguês?
Ou tem um caminhão cheio de alegrias para dar na favela?
Será que alguém tem um final diferente para essa novela?
Quem tem aí aqueles tamancos que vendiam nas vendas?
Ou quem sabe tem para contar mais sensacionais lendas?
Quem tem aí? Quem tem aí? Quem tem aí?
Quem tem aí o cessar-fogo para todo esse ataque?
Quem tem uma bola nova para dar para esse craque?
Alguém por acaso tem aí aquele meu novo endereço?
Tem guardado algum carinho maior que não tem preço?
Quem tem aí aquela primeiro rosa que foi da estação?
Ou tem um par de asas para poder voar na imensidão?
Quem tem aí? Quem tem aí? Quem tem aí?
Quem tem aí? Quem tem aí? Quem tem aí?...
(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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