Quando meu vô Eusébio morreu
Deixou um monte de papéis guardados,
Segundo me contaram eram seus poemas...
Vó Augusta deve ter ficado triste...
Pena que eu não estava lá
Os tios pegaram todos eles, todos mesmo,
E jogaram fora ou queimaram...
Os mesmos poemas que ele lia e ela chorava...
Como eram aqueles poemas?
O que eles falavam? Eram sonetos ou não?
Destruir um poema é matar seu autor...
Nem a barbearia sobreviveu ao tempo...
Por que os tios fizeram isso? Por que?
Decerto não deviam saber o que fizeram...
Dizem que a tristeza pode cegar muita coisa...
O tempo já passou, vó Augusta se foi também...
Depois dele, muitos outros já se foram...
Todos que partem são poemas destruídos,
Mesmo que sejam poemas nunca escritos...
Foi uma pena que não restasse nenhum verso...
E eu aqui, que gosta mais de impossibilidades,
Apenas gostaria de conhecer um deles, só um...
Quem sabe o senhor me declama quando nos encontrarmos?...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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