domingo, 20 de julho de 2025

Carliniana XCIII ( Circunstâncias Atenuantes )

A vida me deu um tapa na cara e eu não gostei.

Escolhemos tanto e acabamos escolhendo errado.

Geralmente amamos só quem pode nos odiar.

O sol não gosta muito de sair em dias de passeio.

A brincadeira sem juízo acaba numa fatalidade.

O brinquedo novo pode acabar quebrando fácil.

Não sou um pessimista e apenas engulo sapos.


Geralmente a escolha é cuspir no prato que comemos.

Fazer tranças nos cabelos denota uma difícil arte.

Alguns caixões estão exibidos nas mais lindas vitrines.

Só somos modestos quando falamos no que não temos.


Minha febre só vem nas datas mais imprevistas.

Me lembrei de lavar a louça suja quando acabou a água.

Sua maior virtude é sofrer de uma ejaculação precoce.

Fomos para o cartório para darmos nomes aos bois.

No rosto do adolescente formou um festival de espinhas.

Vou acabar só entendo palavras em um outro idioma.

Os charutos foram feitos para fumarem no canto da boca.


O profeta falou todas as besteiras que podia pensar.

Agora os canalhas possuem sua própria academia.

Os ossos perdidos agora perambulam pelo mundo.

Como dizia o ditado - sofrer e coçar é só começar.


Ave César! Nós que vamos sobreviver te saudamos.

Coloquei a pimenta em demasia em meus olhos.

Só temos sal para podermos adoçar nossa boca.

Os sonhos são tímidos e se escondem sob as mágoas.

São dispensadas todas explicações pelas dores.

Na fome falta tudo e a poesia também é uma delas.

A maior festa que podemos ter é o nosso funeral... 

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