Num jardim de flores sem perfume
Encontrei a transparência de espinhos amistosos...
A bandeja de Salomé tinha a minha cabeça...
Era a favela saindo da garganta do desesperado...
Numa selva de antenas de televisão
Sonhos carcomidos vinham ao meu encontro...
Os marginais da mídia suplicam por pão...
O modelo é um espantalho cheio de ouro...
Na contramão de veículos quebrados
Os heróis correm de medo e se escondem...
A comoção nacional ignora os miseráveis...
Compraram latas de merda numa promoção...
O soro escorria como se fosse goteira
Na rotina de todos aqueles que vão sofrendo...
Cada dia é mais um enigma para ser decifrado...
Ela arrumava seus trapos com todo capricho...
Na circunstância de toda oportunidade vinda
Chora-se por cada aplauso que poderá haver...
Só se chora por nossas feridas se elas doem...
O Apocalipse é apenas uma geladeira vazia...
Numa temporada aberta de caça aos patos
Outros bichos também podem ser alguns alvos...
As libélulas recusam-se de forma única em cantar...
Embriagados agora vendem quinquilharias...
Nunca poderemos nos esquecer com tristeza
De velhas pinturas espalhadas pela calçada suja...
Que eram pinturas baratas expostas ao deus-dará...
(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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