domingo, 27 de julho de 2025

Toda Realidade É Irreal

Toda realidade é irreal.

Pequenos poemas tornaram-se grandes demais.

Já não há mais barcos para partir deste cais.

Mais um copo de veneno e até nunca mais.


Toda piedade é malvada.

Os espinhos das rosas feriram meus pobres dedos.

E eu mesmo vou construindo meus próprios medos.

Meus sonhos mais sinceros foram apenas arremedos.


Toda traição é traída.

O pecado necessita apenas de mais um anonimato.

Toda vida é mais uma brincadeira de gato e fato.

Nossa sobriedade depende de qualquer disparato.


Toda ladeira é descida.

Eu farei mais um ano assim que um dia puder.

O carro da história só sabe andar de marcha ré.

Só terá liberdade quando os mortos ficarem de pé.


Toda gentileza é estúpida.

Aquele nosso passo no escuro foi dado em falso.

Para andar num tapete de brasa estarei descalço.

Onde você for lá estarei sempre em seu encalço.


Toda brincadeira é séria.

Decidi retornar ao passado de sei lá tantos anos.

Não sei se falharei em mais todos esses planos.

Pois toda tolice é propriedade de nós humanos.


Toda realidade é irreal.

Pequenos poemas tornaram-se loucos demais.

Já não há mais trens para partir para as Gerais.

Mais um copo de veneno e até nunca mais...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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