Toda realidade é irreal.
Pequenos poemas tornaram-se grandes demais.
Já não há mais barcos para partir deste cais.
Mais um copo de veneno e até nunca mais.
Toda piedade é malvada.
Os espinhos das rosas feriram meus pobres dedos.
E eu mesmo vou construindo meus próprios medos.
Meus sonhos mais sinceros foram apenas arremedos.
Toda traição é traída.
O pecado necessita apenas de mais um anonimato.
Toda vida é mais uma brincadeira de gato e fato.
Nossa sobriedade depende de qualquer disparato.
Toda ladeira é descida.
Eu farei mais um ano assim que um dia puder.
O carro da história só sabe andar de marcha ré.
Só terá liberdade quando os mortos ficarem de pé.
Toda gentileza é estúpida.
Aquele nosso passo no escuro foi dado em falso.
Para andar num tapete de brasa estarei descalço.
Onde você for lá estarei sempre em seu encalço.
Toda brincadeira é séria.
Decidi retornar ao passado de sei lá tantos anos.
Não sei se falharei em mais todos esses planos.
Pois toda tolice é propriedade de nós humanos.
Toda realidade é irreal.
Pequenos poemas tornaram-se loucos demais.
Já não há mais trens para partir para as Gerais.
Mais um copo de veneno e até nunca mais...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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