As olheiras da jovem atriz pornô
acabam me dando uma certa ternura
quase como os bichos jogados num canto...
Estou sozinho com milhares de pessoas
e na tela do meu velho computador
acabo chorando as aflições alheias...
Eu faço de conta que meus castelos
ainda continuam firmes e todos de pés
mas os desenhos das cartas das desbotaram...
Nunca fui o melhor! Longe disso!
É que eu sei rir com o canto da boca
Porque não há tristeza que me surpreenda...
É apenas um mero fato consumado
que devemos tentar sempre sobreviver
e não existem drogas melhores que a ilusão...
Acabou faltando apenas uma moeda
para poder pagar o programa da garota
ou para que Judas pudesse me vender...
De vez em quando o telefone fica mudo
e isso pode parecer um tanto alarmante
se não fosse pelo fato que minha solidão é mais...
Eu tenho saudades aos montes do que passou
e o que o não aconteceu pode doer mais ainda
porque os planos velhos e bons dormem nas gavetas...
De agora em diante só vou pedir o que pode acontecer
Silêncio! Estou querendo ficar acordado mais um pouco
olhando para o nada e pensando que é uma cena azul...
(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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