sexta-feira, 12 de abril de 2019

Observações de Um Velho Poeta

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Tudo passa. Até nossa infantilidade de acharmos que encontraremos algo além de verbos no final do caminho. Somos o que somos. Isso quando somos. Tentamos a existência toda imitarmos aquilo que acham de nós. 
Se conseguimos. É uma outra história. 
Vejam com existem gigantes tão anões. Eu não sei de mais nada. Como sempre foi. Todos os brinquedos falharam em seu objetivo. Assim é se lhe parece. A vulgaridade é agora vendida em famosos antiquários.
Não me deixe mais sozinho do que já sou. As medidas são desmedidas propositalmente. Na cor que o freguês escolhe. Lápis de cor existem aos montes. Nos pequenos bazares de todas as esquinas do mundo. 
Eu sou meu próprio ritual. Vítima e algoz ao mesmo tempo. Como as antigas e famosos fantasias. Com vários guizos em suas pontas. A memória só falha de vez em quando. E nesta hora qualquer pílula acaba funcionando. Beba água e engula.
Eu até que tento. Mas nem sempre consigo.
Gostaria de ser mais um pouco irreal. Mas meus sonhos caíram no chão feitos ovos. Além dos que ando feito num eterno tapete. Ou cacos de vidro ou pedras quentes de ponta ou pregos bem afiados. E mesmo assim não posso gritar.
Quero quebrar todas as regras ou algumas delas que compensem minhas dores de cabeça.
Estar sozinho é mais fácil que se pensa. Ainda mais quando se está acompanhado. Minhas unhas acabam se sujando frequentemente. Mas minha alma um pouco mais ainda. A crueldade demasiada acaba matando o autor. Mas enlouquecer pode ser um negócio bem vantajoso. 
Uma hora sim. Outra hora não.
Nossos principais princípios acabam se atrapalhando quando o assunto somos nós mesmos. Sermos canalhas já virou um lugar-comum. Becos e vielas andam cheios de intenções bem-intencionadas que acabam desistindo. 
Quanto mais eu ando. Menos me canso. Deve ser porque o fim já começou e não há nada mais para impedi-lo. Desculpem! Não consegui envelhecer o suficiente para conseguir não ver mais nada. Ainda tento ver em que casinha entrou o coelho que era um porquinho-da-índia.
Talvez faça mais frio do que eu pense. Ou mais calor. Isso não depende mais de mim. Os meus óculos agora gritam palavras de ordem e não posso mais desobedecê-las. O pior cego é aquele que não enxerga.
Faz tempos que eu não vejo o mar. Até queria. Só que andamos meio que brigados. Lamento por ter sido um mal-entendido. É que algumas piadas acabam saindo sem propósito. E se não nasci para ser comediante. Para carpideira também não. Meu amadorismo é deveras marcante. 
Eu não escolho muito meus sonhos.
Atualmente tenho tido lapsos de memória menos frequentes. Para certas notícias uma amnésia seria adequada. Repetem-se as tragédias com novas nuances. Já acreditei muito. Mas meu cepticismo acabou tomando assento na plateia. Adoro bonitas frases desde que destituídas de algum sentido. 
Eu acabo fingindo alguma coisa em algum tempo.
Tenho observado grandes contradições. Isso acaba me amedrontando suficientemente para engolir em seco. Falta-me alguma coisa que não percebo. Algo que não chamo de necessidade. Mas que deve ser bem maior do que isso. Respiro por respirar. É apenas um velho hábito. 
Biologicamente não estamos aflitos até que o médico assim o declare.
Tenho que parar de fumar. Mas a pose não deixa. Os malditos são o que são. Eu o reconheço de cara limpa. Nunca me arrependi de muitos dos meus erros. Mas certos erros foram grandes mancadas que não poderei consertar. O amor acaba sempre culpando a paixão do que ele mesmo fez.
Ser crucificado é muito fácil. É só ter papel e lápis. E acreditar desacreditando mais ainda. Esse é o meu lugar na fila. Ela continua parada até que ande. E minha paciência seja testada que nem num vestibular onde o aluno na noite anterior caiu na farra.
Toda festa merece ser festejada. Triste ou não. 

(Extraído da obra "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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