Não sou pedra
Mas em mim os arquivos mais insólitos
Acabam encontrando sua eternidade
Como uma necrópole em minha memória...
Tudo aquilo que feriu
De certo modo ainda fere
Como ecos que continuam
Nos mais eternos labirintos...
Se te aponto há um motivo
É porque as feridas têm seu próprio lugar
Talvez mais que as minhas tatuagens...
Muito tempo e muito tempo mesmo...
Era época de sol e de não fazer quase nada...
Dona Zozó ainda andava entre nós...
Eu ainda poderia dizer o nome de cada um
Apontando paredes que não existem mais...
O carro ainda era preto e muito gentil
Sabia quase de cor as ruas que gostava
E era solidário entre todas as chuvas...
Haveriam muitos jardins?
Sim eles sempre existiram
Inclusive nossos jardins do mar...
Eu me lembro muito bem, meu caro
E hoje em dia não o condeno por mais nada...
Como saberia que eu era o alvo?
Meu coração se acelerou no susto
Mas (com exceção da lembrança) tudo acabou...
Muitas maldades o são por engano...
Eu ainda não conhecia nem bem o quera a malícia
Só outras tempestades trouxeram ela pra mim...
Aí sim o meu demônio desceu dos céus
E continua por aí até hoje...
A grande roda é que poderá dizer...
Mas veja e entenda de uma vez
Não sou pedra e nunca serei
Mas mesmo assim guardo a eternidade comigo...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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