Era uma manhã como uma manhã qualquer
Dessas que faremos tudo e nada fazemos
Em que moscas são como batalhões celestes
E se a morte vem chegando nem nós vemos
Os passantes passando é pressa pelas ruas
Só existem agora novos corações de lata
O valor que temos é aquele que não damos
É ainda uma obsessão ser mais que primata
Mas o freio do automóvel acabou falhando
Todas as nossas necessidades tem seu nome
E toda a nossa cara metafísica assim resume
O medo e a dor e a tristeza e a sede e a fome
Quanto mais subimos na montanha descemos
Não há mais caverna que possa nos abrigar
É sempre aquela mais eterna e cruel dúvida
Se ainda vivemos ou se queremos nos matar
E o vento continua embriagado bem lá fora
Quase sempre estamos entre o sim e o não
Eu queria que esse dia assim logo passasse
E pudesse enfim caminhar nessa escuridão...
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