Alguns mortos
devemos guardá-los
outros nem tanto
Mas de qualquer forma
tudo fere
e tudo dói
Dias que passaram
gente que partiu
brinquedos quebrados
E as dúvidas
nos incomodam
e incomodam sempre
Um minuto perdido
pergunta não feita
fantasia rasgada
O riso morreu
a boca fechou
o sono foi embora
O que somos?
aquilo que sobrou
talvez o pior
Aqui dum canto
vejo o mundo
não estou nele
Rios que correm
marés descendo
vento parando
A fogueira apagou
é tudo cinza
e cinza é o céu
Acendo o cigarro
a fumaça foge
e eu nem vou
Engulo a saliva
suspiro escondido
nada nos restou
Não fui o que era
não sou o que quero
serei meu engano
Eu tento andar
mas os meus passos
são passos de robô
Viciado em versos
são meu consolo
que não evita chorar
Escutem meu grito
no meio da noite
apenas de vagabundo
Alguns mortos
estão bem guardados
cartas para o amanhã...
(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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