Eu sei de segredos que nunca aconteceram
Eu guardei instantes que nada serviram
E o vento corta minhas carnes aos pedaços
E nada mais existe para o meu consolo!...
Posso colocar em fileiras minhas despedidas
Mesmo quando elas não aconteceram...
Num canto qualquer ainda existirei
Como uma música monótona e sem charme
Mas que mesmo assim continuar à existir
E que vai ultrapassar o fim dos tempos...
Não existem novidades! Certamente não!
A não ser os novos temporais que me afligem...
Quantas coisas pedi de mãos postas tão contrito
E nenhuma delas acabou dando certo
Porque, na verdade, o destino é um brincalhão
Mas suas piadas são sempre de mau-gosto...
Mesmo que os céus caiam aos poucos ou de uma vez
As areias continuam sempre no mesmo lugar...
Vamos esquecer de vez qual foi o armário
Em que guardamos as nossas mortalhas
E comemores nossas eternas besteiras
Porque nossos pecados foram perdoados quase sempre...
Todos os dias acabam sendo domingos
E o coração que não infartou ainda bate...
(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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