Somos ainda modernos
tal qual dois dias atrás
já fizemos nossos infernos
tem vaga pra Satanás
maleita malfeita me espreita me deita
me ama me chama eu quero um programa
na hora agora demora qu'eu vou embora
sou mau sou tal qualquer um cara-de-pau
somos ainda perfeccionistas
tal qual qualquer um errado
aqui do mundo meros turistas
e o nosso pau tá quebrado
insana humana bacana putinha de Copacabana
me taca me ataca eu sou apenas mais um babaca
cachaça pirraça na raça se choro a vista embaça
sem problema sem esquema não há mais poema
somos ainda bons os tais
nessa vida cheia de morte
nossas festas são funerais
chegue logo dê seu corte
eu sou não sou não vai não vou quem cai amou
bonito aflito maldito apenas o voo de mosquito
espera esfera quem dera pulamos na boca da fera
são brilhos são filhos empecilhos tudo fora dos trilhos
somos ainda vã tecnologia
rezamos apenas por costume
sai pra lá Ave Maria
me enjoa o cheiro do perfume
eu taco não taco ataco essa vida é mesmo um saco
sem véu sem mel ao léu quem é que vai pro céu
estrada mancada escada a canoa já está furada
falido zunido contido nem sempre está cumprido
somos ainda modernos
tal qual dois anos atrás
já fizemos nossos infernos
ja tem vaga pra capataz...
(Extraído da obra "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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