terça-feira, 30 de abril de 2019

Teoria da Palavra

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Palavras o vento leva, mas algumas vezes voltam...
Palavras doces como o mel, como o sorriso de algumas flores por aí que demoram mais à morrer do que muitas outras. Palavras afetuosas, que entram na nossa vida como quem entra no quarto e não quer nos acordar. Palavras que amenizam machucados, que curam tempestades, que abrandam tempos que correm por aí. Primeiras palavras de primeiro amor, sem segundas e nem terceiras intenções. Palavras que acendem a lâmpada, que arrumam o quarto espantando a solidão, que sorriem para histórias bonitas. Palavras dos deuses, palavras dos anjos, palavras dos sonhos mais queridos. Palavras de mãe, palavras de pai, de irmão, de amigo. Palavras de todas as cores tão bonitas, de sons que penetram no fundo d'alma e de lá não mais saem. Palavras de pássaros, começo e sinal da manhã. Palavras de bicho, pureza de riachos que correm. Palavras que sempre queremos, palavras que nunca nos cansamos, por mais que estejamos assim cansados...
Palavras o vento leva, mas algumas vezes voltam...
Palavras amargas mais que fel, com o cinismo dos malvados que continuam a quebrar coisas e destruir tudo o que temos. Palavras ofensivas, que quebram nossos brinquedos e que desconhece o quanto nos custo obtê-los. Palavras que ferem, que magoam, que destroem o silêncio das reflexões. Palavras de ódio, cínicas esperando o momento do bote da serpente. Palavras que trazem escuridão, que desarrumam a vida trazendo a inconsequência, que fazem chorar entristecendo. Palavras de demônios, de assombrações, de pesadelos indesejados. Palavras de inimigo, palavra de rival, de quem contenda sem motivo algum. Palavras de um cinza mais que morto, de ruídos que nos atrapalham a mente, que viciam pela insistência e nunca mais saem. Palavras de aves noturnas de mau agouro, becos no meio da noite. Palavras de malvados, dos que não conhecem a compaixão. Palavras que não queremos, que podem ser esquecidas, mas nem sempre são...
Palavras o vento leva, mas algumas vezes voltam...

(Extraído do livro "Teoria do Medo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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