sábado, 13 de abril de 2019

Manhãs Ensolaradas de Todos Nós Palhaços

Resultado de imagem para palhaços na praça
Não beije e não deseje. Emoções demais fazem mal demais. Corremos disto tudo feito um bando de animais assustados. Quase como nós mesmos naqueles dias aziagos. Mais um gole, mais um trago e soluços engolidos como comprimidos. Tudo é quase tão bom como uma pedra de gelo em nossa coca-cola.
Somos tão antigos como certos acentos que sumiram das palavras. Independente de nossos gritos nada pode parar. Tudo passa. Tudo passará como dizem os poetas e os desocupados. Sintam a suave fragrância do lixo que nos mesmos construímos e espalhamos por aí. Esqueça suas frases belas e cínicas. A mentira rói seus próprios ossos. Antes ela foi pontual ao seu próprio funeral.
Em nossa solidão existem rebeliões e motins diversos. Nada mais cabe em nós senão uma passageira eternidade. Benditos algoritmos. Benditas palavras feias em célebres pesadelos. Os desonestos perdem o fôlego quando se contradizem. Há mesmos ladrões sinceros que elogiam seu próprio ofício.
Os templos estão cheios de almas vazias. Não entendemos nada. Por isso estamos no topo da cadeia alimentar. Devoramos a nós mesmos sem esperar o prato esfriar. Hoje dispenso o hoje por causa do amanhã que apaga igualmente. Alguns favores são deveras humilhantes e mesmo assim necessários. A tristeza é o maior carrasco que possuímos e alegria foi quem assinou as sentenças de pena capital.
Às vezes faço, às vezes não faço, faço pouco, faço demais. Depende do meu estado de espírito que independe das demais coisas. Até meus ataques de sonambulismos obedecem programas pré-estabelecidos sem quase nenhuma concordância verbal.
Sim, sim, não nego, sou cruel o suficiente para alterar percursos que não são os meus. Estragos as colheitas de ervas daninhas que demandaram muito esforço do meu próximo. Por debaixo da máscara há um rosto, ainda que este seja mais uma e a sequência pareça um dízimo periódico. 
Podem bater palmas para a minha tolice. Eu vim aqui por esta causa e dela não abro mão. Os filósofos cagam e andam. Os poetas xingam ao seu modo. Sou maldito mesmo e estaria desesperado se não o fosse. 
Sou fiel em todas as minhas traições. Assim mandam as bulas e os livros de receitas caseiras. Fico apenas na dúvida entre a ironia e o sarcasmo. Como se fosse um menino na frente de uma grande vitrine de doces. Meus olhos se tornam longos demais.
Piruetas, sim, piruetas! Para as necessidades básicas e para as correrias. Salve-se quem não puder. O navio foi feito para afundar e até o desgosto fica desgostoso se obteve êxito. Mãos cheias de pérolas num universo de sal. Até agora a manhã aconteceu. O resto nunca sabemos...

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