sábado, 27 de abril de 2019

Teoria da Dúvida

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O que queremos, o que não queremos. E nossos corações fazem um descompasso em coro sem saber quais caminhos seguiremos. E o suor corre em nossos rostos mesmo em tempos mais frios do que este. Tudo é tão simples e essa simplicidade nos aflige bem mais.
A linha se enrolou em infinitos nós e esses nós somos nós...
Não somos tão malvados como parecemos e a maioria de nossas maldades foi apenas um acidente de percurso. Nossa tolice acaba preenchendo nossas lacunas vazias. Isso é culpa dos dias que nos enchem de vontades desnecessárias.
O enigma foi lançado e nossa mente não percebeu...
Rimos sem saber aos montes e nem percebemos que somos o alvo das anedotas que contam. Rimos juntos aos nossos algozes, rimos de nossas feridas e fraquezas, rimos muito, mesmo sem achar qualquer graça.
Eis-nos aqui - somos os bobos da corte...
O que queremos, o que não queremos. Andarmos ou não, com caminho ou em nenhum deles. Controlados mais por palavras do que por ações, por idéias do que por gestos. Sem nenhum motivo aparente para viver e morrer, muito menos ainda. Vírgulas e pontos é o que temos. Estamos vestidos e sempre estaremos nus.
A última moda é sempre a primeira...
Somos fãs dos espelhos, mas desconhecemos nossa imagem real. As águas de Narciso são o nosso mais querido veneno. Sempre esquecemos de fazer as contas. Cada engano recebe nossas boas-vindas. Quanto mais a boca nossas reclamações são mais insinceras. 
Nossos leões dormem profundos sonos...
Sempre escolheremos o que mais nos desagrada. Gostamos mais de espinhos do que de rosas. A tolice pode até nos ajudar de vez em quando. Um galo canta e todos repetem. Papagaios nem sempre acabam usando verde. Algumas serpentes gostam de morar em jardins.
Em caso de incêndio quebre o vidro...
Pensar acarreta diversos problemas técnicos. Cada surpresa é um projétil galopando no escuro. Mentiras são recíprocas. Os desafetos sabem cumprir muito bem seu papel. Precisamos de comoções quase em todos os horários disponíveis. Tanto faz em ritmo de jazz ou samba, quem sabe algum maxixe também cairia bem.
Labirintos são apenas caminhos como outros...
Tudo o que podemos afirmar nos provoca convulsões definitivas. Há uma só resposta para infindáveis perguntas. Infelizmente estamos em off na hora propícia. Basta apenas uma aflição para que as cartas desabem. Quebrarmos ídolos é um divertimento como outro qualquer.
Em caso de dúvida, chore...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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