um paraíso feito de meias verdades
que doem mais que acariciam
e nós todos perdidos em nós mesmos
a saudade é apenas mais um detalhe
nunca aprendemos as lições de casa
e caímos duas vezes no mesmo abismo
é uma grande pilhéria feita e refeita
usamos máscaras para nosso engano
quanto mais aprendo menos sei
e ainda consigo respirar um pouco
uma cidade tão bela e tão feia
com seus nuances quase invisíveis
não há piedade alguma nas rotinas
e mesmo assim nossa teimosia teima
que as nuvens de incenso levem cartas
de esperanças sim esperanças não
são tão belas essas esculturas
que o tempo ainda não comeu
só saberemos que não veremos seu fim
são barulhentos esses carros
e o brilho de seus metais nos ofuscam
querendo ou querendo não
eis a constante guerra sem declaração
onde bombas explodem em silêncio
nós somos os soldados sem farda
num começo interminável de erros
nem velhas verdades podem nos salvar
daquilo que mais esperamos sempre
eu quase rio e quase acho alguma graça
no ridículo que passei ontem mesmo
a modelo pornográfica tem mais inocência
do que se possa algum dia imaginar
e as maldições acabaram falhando
porque o que é não pode se tornar o
tenho dito! tenho dito! escutem surdamente
é permitido permitir se assim me permite
eu ando dispensando certos gestos educados
se assim ganho mais algumas moedas
para um caça-niqueis infinito de sempre
que dura enquanto permanece e não mais...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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