Gestos tresloucados de pura mansidão
Eu acendo um cigarro em frente ao pelotão
Dou as costas ao inimigo feito ao irmão
Tanta coisa que invento eu sou a invenção
Abra as pernas está pronta minha invasão
O espinho me fere toda vez que ponho a mão
Se é madrugada eu vou andando feito ladrão
Parei de assoviar não sou bom de entonação
E a cada dia que passa esqueço de uma lição
Por favor mais um gole eu não sou o campeão
Acabo me destacando no meio da multidão
Todo mundo acaba rindo do que tem explicação
Se não ando de vassoura ainda tenho o avião
Só faço minhas compras quando tem liquidação
Tudo o que aconteceu põe na conta do barão
O dia nunca amanhece nas celas desta prisão
A nossa subida é igual à qualquer um balão
E eu ainda morro de medo com sua aproximação
Eis aqui o velho chato com pecados sem perdão
Eu até queria ser feliz mas faltou motivação
Para a minha loucura é preciso um caminhão
Não preciso de mais nada só me dê café com pão
Estalo os dedos e pronto acontece a combustão
E quanto mais rezo mais aparece assombração
Para ficarmos ricos só falta ganhar um milhão
Tem a cara de domingo todos os dias de verão
Mas que bicho mansinho o nome dele é leão
Cada dia é um problema só não há solução
Eu me sinto tão só mesmo sem ter solidão
Se a farinha está pouca me dê logo o pirão
Gestos tresloucados de pura imensidão...
(Extraído do livro "Insano" de Carlinhos de Almeida).
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