Como não me lembrar daqueles dias?
A casa pequena, a luz do lampião,
o canto do bacurau, o meu medo suave
e aquele sono vindo assim lentamente?
É tão mais doce quando nada sabemos,
as alegrias acabam vindo com facilidade
e um simples bailar de brancas nuvens
vai nos encantando e sempre lentamente...
As esperanças teimavam em nos visitar,
como os passeios presentes em nossos planos,
como os beijos inocentes nos estreantes desejos
e assim íamos vivendo e vivendo lentamente...
Estão fixos na minha memória que falha
os sorrisos tão francos de minha mãe,
as histórias que faziam papai chorar
e o carro preto percorrendo ruas lentamente...
Na mesma memória ainda estão retidas
as imagens da nossa saudosa escola,
das brincadeiras de bom e de mau-gosto também
e dos minutos que por ela passavam lentamente...
Mas eis que isso tudo já foi embora,
as tempestades escureceram os ares,
a maldade invadiu aos poucos minh'alma
e tudo foi então destruído lentamente...
Agora? Agora num canto espero aflitamente
que o destino resolva o que vai querer de mim,
assim como faz com todos os seres viventes
e então a morte tenha pena e venha lentamente...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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