Arregalo meus pobres olhos
Para uma escuridão sem trevas
E tenho medo do nada que me esconde
Daquilo que poderá não me fazer
Alguma hora um mal algum
Uma reza que não sai dos meus lábios
É feita num idioma incompreensível
Que grita para a sensibilidade rude
Não há mais o que e com que chorar
Porque o morto ainda vivo está
Quanto mais decifro alguns enigmas
Mais eles brotam de todas as esquinas
Como zumbis que imitam o que somos
Brotam de todos os lados possíveis
E as recompensas já foram embora
São lúdicos os nossos reais problemas
Porque somos apenas um grande rebanho
E abismos profundos aparecem sempre
Cada segundo se cerca de importância
Mas somos idiotas demais para notá-lo
É mentira! É mentira! É pura mentira!
As virtudes são tapetes de cacos de vidro
Que servirão de mais um acompanhamento
Para ser servido bem na hora do nosso chá
E as contradições são pílulas douradas
Eu quero e cada um quer e todos nós queremos
Que a queda do vidro seja menos dolorosa
E que o gosto de cereja dos cigarros que fumo
Sejam por enquanto mais leves que a terra
Porque o hoje acabou de passar no galope
(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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