Já perdi
quase todos os meus dentes
quase todos os meus parentes
quase todas as minhas vertentes
Num labirinto de espinhos
De falsos caminhos
Onde estamos todos sozinhos
E somos todos mesquinhos
Já perdi
quase todos os meus dentes
quase todos os meus pacientes
quase todas as minhas serpentes
Numa cama macia de pregos
De pintores cegos
Que só conhecem seus egos
E somos todos apenas legos
Já perdi
quase todos os meus dentes
quase todos os meus repentes
quase todas as minhas nascentes
Me sinto como numa novela
No meio da favela
Onde não há nenhuma aquarela
E tudo mais é uma balela
Já perdi
quase todos os meus dentes
quase todos os meus parentes
quase todas as minhas patentes...
(Extraído do livro "Escola dos Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Nenhum comentário:
Postar um comentário