Era a louca do bairro! Do bairro não... Nem Sepetiba toda é um bairro, é um sub-bairro da matriz Santa Cruz. Isso aqui é uma localidade, isso sim. Tem muitas histórias, a maioria delas eu conheço. Ou pelo menos, as que acho que sei. Mas era isso, era a louca do local. Uma senhora gordinha, com sotaque meio nordestino nas poucas palavras que falava. Sempre com os cabelos bem curtos, de camisa de meia, calções curtos e com o detalhe mais importante - quase sempre descalça. Andava pra lá e pra cá, o dia todo, sem prejudicar ninguém. De vez quando até que irritava certos morados, catava lixo e colocava em sacolas que jogava em quintais de forma aleatória, saía geralmente rindo, aquele riso que de vez em quando também dava, sem motivo algum. Tinha família? Tinha sim, eram pessoas comuns, mas interná-la era pior, sofria mais, acabava fugindo. Era melhor ficar em casa, solta pela localidade, de onde raramente saía. Quando isso acontecia, pegava carona nos ônibus que circulavam por ali, os motoristas já lhe conheciam, ia até Santa Cruz fazer umas comprinhas. Voltava com todas elas, certinhas e com o troco também. De vez em quando pedia cigarro para quem passasse, se lhe dessem, fumava e se não dessem, não falava mais nada, ia andando, pra lá e pra cá como sempre. Dizem que um dia foi normal da cabeça, até o dia que o marido lhe deu uma surra quando estava de resguardo do parto do filho caçula. Acabou ficando assim, O motivo da briga? Encontrou o safado com outra na cama. Pois bem, soube que ela morreu. Só não sei quando, como e nem de quê. Pessoas morrem, todos os dias, cada um em seu destino, todas sozinhas como nasceram. Se existe algum lugar aonde vamos, deve estar por lá, dando suas intermináveis voltas e rindo como sempre...
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
sexta-feira, 17 de outubro de 2025
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Paródia Malfeita
Nada nunca foi real... As palavras são grande mentirosas Apenas insetos para a aranha do tempo Em suas teias quase malvadas... A graça acaba...

-
Cadê o meu sal? Fugiu da minha boca e me deixou sem gosto nenhum... Com ele foram todos encantos que tinham sobrado depois que pague...
-
Imersos no tempo Queremos ser o que não somos... Rindo de qualquer piada Para que o coração não esmoreça... Amando todo o perigo Para nossa ...
-
É que nem um rio dentro de um envelope Que hoje o carteiro não trouxe nem ontem... Quase um enigma sem segredo existente Que qualquer bêbad...
Nenhum comentário:
Postar um comentário