Cada um escolhe a mediocridade que melhor couber
Mesmo que a sua seja apenas uma simples opinião
Quem não tem cão caça com o gato
Quem não tem capa usa uma toalha
Quem segura o peido ao menos solte
Cada um corcunda aprende como se deita e se levanta
Toda fatalidade é quase uma genética sem lição de casa
Toda a solidez é um tanto que mórbida
Toda a causalidade exatamente calculada
Toda palavra acaba arrancando pedaço
Cada um ser vivo é apenas o futuro ser que vai morrer
E todo preconceito é a prova cabal de porra nenhuma
Ela estava nua dentro das suas roupas
Ele estava bêbado porque bebeu água
Ele se afogou porque respirou oxigênio
Cada diamante é apenas mais um pedaço de carbono
Assim como são as cinzas contidas neste columbário
Algum remédio matou porque era a cura
Alguma voz se calou para não acordarmos
Algum veneno não era por ser suave demais
Cada estreante sabe a parte que nunca lhe coube
Tanto quanto o penetra espera receber algum susto
Meias varizes são para terem as meias idades
Meias cicatrizes pertencem a alguns meio cortes
Meios dias são os começos de noites que vão vir
Cada corpo nada mais é que mais um corpo estranho
Como o ouro que é sólido e frio mas queima tudo e todos
Nossa caspa é mais um enfeite para os pobres cabelos
Nossa dicotomia é a mesma que existiu no anteontem
Nosso sono é o mesmo que veio nessas noites passadas
Cada máscara é mais um refúgio quase que secreto
Para mais um bando de heróis que são apenas covardes...
(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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