sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Trama Valente Para Heróis Covardes

Cada um escolhe a mediocridade que melhor couber

Mesmo que a sua seja apenas uma simples opinião


Quem não tem cão caça com o gato

Quem não tem capa usa uma toalha

Quem segura o peido ao menos solte


Cada um corcunda aprende como se deita e se levanta

Toda fatalidade é quase uma genética sem lição de casa


Toda a solidez é um tanto que mórbida

Toda a causalidade exatamente calculada

Toda palavra acaba arrancando pedaço


Cada um ser vivo é apenas o futuro ser que vai morrer

E todo preconceito é a prova cabal de porra nenhuma


Ela estava nua dentro das suas roupas

Ele estava bêbado porque bebeu água

Ele se afogou porque respirou oxigênio


Cada diamante é apenas mais um pedaço de carbono

Assim como são as cinzas contidas neste columbário


Algum remédio matou porque era a cura

Alguma voz se calou para não acordarmos

Algum veneno não era por ser suave demais


Cada estreante sabe a parte que nunca lhe coube

Tanto quanto o penetra espera receber algum susto


Meias varizes são para terem as meias idades

Meias cicatrizes pertencem a alguns meio cortes

Meios dias são os começos de noites que vão vir


Cada corpo nada mais é que mais um corpo estranho

Como o ouro que é sólido e frio mas queima tudo e todos


Nossa caspa é mais um enfeite para os pobres cabelos

Nossa dicotomia é a mesma que existiu no anteontem

Nosso sono é o mesmo que veio nessas noites passadas


Cada máscara é mais um refúgio quase que secreto

Para mais um bando de heróis que são apenas covardes...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

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