Porque o dia é uma canção
Feita de notas dissonantes
Entre beijos de desconhecidos
E socos de quem se ama...
A primeira pedra quem encontrar
Darei um bom dia...
Porque o dia é armadilha
Feito um abismo mais claro
Que só cai quem assim quer
Com palavras vacilantes...
A primeira ave que encontrar
Irei voar com ela...
Porque o dia é uma poesia
Feita de rimas previsíveis
Em que o talento do poeta
Caiu e quebrou ao chão...
A primeira flor que me ver
Darei reverências...
Porque o dia é uma batalha
Igualzinho a de um faminto
Que vê um prato de comida
E não pensa duas vezes...
A primeira tristeza que ver
Darei esse meu riso...
Porque o dia é uma crueldade
Dessas que uma só é muitas
E quebra nossos brinquedos
Até que então choremos...
A primeira estrela cadente
Esta será a minha...
Porque o dia é uma canção
E mesmo sem a letra cantarei...
(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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