Nada aquém e nada além.
Apenas a palidez do tempo que engole tudo.
De uma vez sem ao menos mastigar. Voraz.
Sem choro. Menino obediente. Tem medo de apanhar.
Era aquarela. Agora é sombra. Nada mais.
Aquele amor escrito em árvore. Ou em paredes.
Ficou lá atrás. Como um vídeo que passa.
Como uma moda que acaba. Acabou a liquidação;
A bela ficou feia. Sem justificativa. Sem perdão.
Os dentes apodreceram. Caíram. Junto aos sorrisos.
Não é pessimismo. Nunca foi. A realidade é o que é.
O sonho é uma droga. Que dá barato. Até que mata.
O chumbo não está mais na tinta. Corre nas veias.
A tela não morre. Se inutiliza. Quem morre é o pintor.
Os versos sempre gritam. O poeta é que se cala.
De uma vez. De sempre em vez. Já não importa.
A liberdade também é uma corrente. Um cárcere. A cela.
O engano tem seu papel. Decorou a fala, Quer palmas.
A maldade ri de tudo. Sem ela o bem seria apenas falha.
As folhas caem. As flores murcham. Não há eternidade.
Eu um dia te amei. Quase me matava. Hoje não ligo.
Se tive asas. Não lembro. Nem se eram negras ou não.
Apenas isso. Um caos com mania de ordem, Discreto.
Nada aquém e nada além. Só isso. Só isso...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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