Misturada mental de todos os dias
Sopros de açúcar em ares duvidosos
Estética estranha aos que são cegos
Piedades em tiros de misericórdia...
Nós somos as testemunhas oculares
De algo bem mais que invisível...
Celulares divinizados em vitrines
Calma semântica destes ricaços
Vamos lotar de vazio todas as ruas
Intermináveis jogos de buracos...
E nós somos os alvos ambulantes
Até da tranquilidade mais insólita...
Varandas frias de noites de verão
Dificuldade aparente do mais óbvio
Sermões calculados milimétricamente
Assentos com bactérias de coletivos...
E nós somos os autores fortuitos
Desta nova tragédia quase grega...
Desfile de saltimbancos tão maníacos
Graça de comediantes só desgraçados
Doadores de miséria para os populares
Assassínio na feira livre sob a luz do sol...
E nós somos bailarinos feitos de cartolina
Em paredes de uma escola abandonada...
Curiosidade de quem não é imaginativo
Lei do Cão para donos de pets premiados
Degustação profissional de monte de lixo
Doce de leite para alérgicos em lactose...
E nós somos ganhadores do gran prêmio
De uma bela porrada no meio da cara...
Carmem Miranda baixou feito pombagira
Um dente desmaiou da boca de um banguela
Arrotei dançando fandango ontem no front
O hipertenso devorou mais um quilo de sal...
E nós somos principiantes em pontas de pregos
Tentando dançar esse balé que chamam de vida...
(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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