Este mundo nem gira nem capota - está sempre parado.
Preservado no gelo qual um mamute numa geleira
Esperando de forma inútil se alguém vai encontrá-lo.
Me irrita a repetição constante dessas mesmas coisas.
Vontade de dar um soco na mesa daqueles bem fortes
Como o jogador nos filmes de faroeste americano barato.
Cansei de falar dos dias que sempre são repetitivos.
Não há nada mais podre em reino algum que temos
Pois a podridão depois de total acaba sendo a rotina.
Vidas são diferentes e os destinos é que são iguais.
O bebê é o que será um dia aquele velho decrépito
Que diz ter saudades daquilo que ele jogou no lixo.
Todos nossos atos são impensados até os refletidos.
Assistimos todas novelas na televisão ou fora dela
Mentindo para nós mesmos sobre um final feliz.
A nossa tolice é a maior das mestras que existem.
Quando ela manda que batamos a cabeça na parede
Nós assim fazemos nos ferindo ou até que desmaiemos.
Teimar em falar do amor é apenas jogada de marketing.
Todo amor que sentimos não está em quem nós amamos
Está no nosso amor por nós mesmos refletido em alguém.
A nossa fé acaba sendo mais um disparate na agenda.
Temos medo de um inferno que nós já vivemos nele
E queremos um céu que será inferno se formos pra lá.
Tudo o que é simples nos nossos tempos é o complicado.
Perdemos tempo pra comprar o que jogaremos fora
Temos só uma boca pra comer e só um corpo pra vestir.
Todo problema e toda dificuldade acabam sendo os mesmos.
Não existem lágrimas que não tenham sal contidas nelas
Pois a realidade é surda e muda e cega e tetraplégica também.
Este mundo nem gira nem capota - está sempre parado.
Preservado no gelo qual um mamute numa geleira eterna
Esperando sempre o próximo bufão a falar uma merda...

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