Fico cego enxergando
Fico tolo sabendo
Fico mudo cantando
Fico sóbrio bebendo...
Eu sou dois e quase nenhum...
Fico limpo cagando
Vejo o sol escurecendo
Fico imóvel dançando
Só subo se for descendo...
Peço esmolas porque sou rico...
Oro sempre blasfemando
Eu só acredito descrendo
Sou solitário em um bando
Só diminuo crescendo...
Só insisto por não ter razão...
Eu só acerto se falhando
Só tenho fome comendo
De luto comemorando
Sou analfabeto só lendo...
Tava devendo o que não gastei...
Meu milho não tá brotando
A ferida não está doendo
Meu cavalo acabou voando
O peixe afogado está morrendo...
Quanto mais feio mais bonito que é...
Só sou honesto quando roubando
Minha saúde só vem se adoecendo
A honestidade está me roubando
O meu alívio está me doendo...
Somos apenas maniqueísmo e nada mais...
(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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