segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Maniqueísmo Quase Poético

Fico cego enxergando

Fico tolo sabendo

Fico mudo cantando

Fico sóbrio bebendo...


Eu sou dois e quase nenhum...


Fico limpo cagando

Vejo o sol escurecendo

Fico imóvel dançando

Só subo se for descendo...


Peço esmolas porque sou rico...


Oro sempre blasfemando

Eu só acredito descrendo

Sou solitário em um bando

Só diminuo crescendo...


Só insisto por não ter razão...


Eu só acerto se falhando

Só tenho fome comendo

De luto comemorando

Sou analfabeto só lendo...


Tava devendo o que não gastei...


Meu milho não tá brotando

A ferida não está doendo

Meu cavalo acabou voando

O peixe afogado está morrendo...


Quanto mais feio mais bonito que é...


Só sou honesto quando roubando

Minha saúde só vem se adoecendo

A honestidade está me roubando

O meu alívio está me doendo...


Somos apenas maniqueísmo e nada mais...


(Extraído do livro "Pane Na Casa das Máquinas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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