quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Cheirando À Alho

Gosto de suas reações apaticamente cínicas

Quando eu a bolino com terceiras intenções

Tudo isso é mais um Apocalipse mais caseiro.


Compramos giz suficiente para uma eternidade!


Aquele espelho de pelúcia que comprei pela net

Me traz recordações napoleônicas de um nada

Que não me lembro de ter vivido em lugar algum.


A mosca entediada acabou surrando a aranha!


Como o tanque do nosso tanque estava mesmo vazio

Aproveitei para catar umas nuvens do fundo do mar

Porque as de papelão estavam quase se acabando.


Agora teremos voos aéreos exclusivos para ursos!


Meu cavalo-do-cão ganhou a folia literária erudita

Versando como não escrever por analfabetismo misto

De queijo e presunto criados em laboratórios caseiros.


A morena sambou na caixa d'água da nossa esquina!


Agora é tradição arriar as calças para a modernidade

Vejam só como os pajés preferem pirulitos de avelã

Enquanto aplicam seus dólares na compra de joias.


Cangaceiros usam vermelho no carnaval de Pequim!


Falta quase meio dedo para minha imaginação falhar

E eu confundir lâminas com porcelana de madeira

Em noites longas de inverno russas de quarenta graus.


Que o ajudante de pedreiro traga dez carros de massa!


Mexilhões e mexericas com molho de jaca hidropônica

Para servimos em piqueniques escolares das elites

Das direitas esquerdistas em mais franco desespero.


Faça-me o favor de não me fazer mais favor nenhum!


Nosso festival está previsto para não acontecer mais

Em sextas-feiras que caiam em segundas chuvosas

Que não caia mais um pingo de chuva de velhos barris.


Chá de casca de morango servirá para doenças letais!


Sopa de castanha com maxixe diretamente do exterior

É bom para decifrar enigmas de antigas civilizações

Cuja base era o acrílico sintético de formação caseira.


Meu controle remoto sofre de séria crise existencial!


Estudamos tanto para um dia qualquer morrermos

E nossos cadáveres fazerem acalorados discursos

Em necrópoles chinfrins que nunca nós escolhemos.


Um grande desastre aconteceu: a água pegou fogo!


Todo prazer desconhecido um dia não mais será

Todos os freios falharam na pista mais escorregadia

E como já diziam os antigos: isso tudo cheira à alho...


(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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