Entre pássaros que somos o mesmo voo...
Dias comuns e um tanto parecidos...
Nuvens pelas mesmas bandas dos céus...
Um repente tocado pela viola do cego...
A casca de uma árvore de praça ferida...
Um enigma pra que ninguém nunca saiba...
Dois projéteis caindo na mesma cidade...
Risos pra uma piada com qualquer graça...
Procissão com dezenas de velas na noite...
Rios paralelos correndo pro mesmo mar...
Ilhas próximas de um mesmo horizonte...
Cartas de um mesmo naipe neste jogo...
Feras que habitam numa mesma furna...
Dias de folia daquele mesmo carnaval...
Somos muitos daquele bloco de dois...
Rápido beijo de inúmeras décadas...
Línguas como armas de fogo afiadas...
Maracatu feito no púlpito da igreja...
Pomar somente de frutos proibidos...
Placa de contramão na meio do rush...
Condomínio de pombos na pracinha...
Entre pássaros que somos o mesmo voo...
Dias comuns e um tanto parecidos...
Nuvens pelas mesmas bandas dos céus...
(Extraído do livro "O Espelho de Narciso" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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