segunda-feira, 6 de julho de 2020

Poema Vago Número 1

Menino Engraçado No Chapéu Do Palhaço Imagem de Stock - Imagem de ...
explodem em cores ardentes
minúsculas estrelas que invadem espaços
eu sou a minha própria contradição
em tons que nem ao menos conheço
e minha dúvida é um grande abismo
em que encontro prazer para me atirar
sou um cão cego sem recursos gráficos
alheio à toda e qualquer norma inventada
somos grandes campeões de fraqueza
o esquecimento engole sem mastigar
estou rindo porque perdi a graça
mas a estática ainda colabora comigo
as palmas são para a futura decadência
não há nada mais permanente que o nada
tortinhas de creme é o nosso jantar
a repetição pode matar ou salvar
irei morrer-me no momento certo
como um dente-de-leão se espalha
ou o como certos objetos o vento mexe
e acaba ficando tudo fora do seu lugar
sangrei minhas unhas cavando o chão
mas pouco me importei com isso
na hora do pulo é que vem a certeza
eu não reclamo mais dos meus incômodos
isso tem até um charme um pouco discreto
o que economizo em meus gestos
acabo desperdiçando em meus olhares
meu carnaval pode acontecer qualquer hora
somos sempre os mesmos mascarados
só os poemas possuem um grau de sinceridade
isso dependendo da mão de quem escreve
quando me desespero não queria ser mais eu
mas a velha amizade comigo me impede
toda história com final feliz é mentirosa
é a tristeza que escolhe o seu próprio lado
quase todo capítulo de novela é o próximo
só o começo está fadado ao fim que esperamos
em caso de dúvida caia na água
todo segredo acaba falhando em seu objetivo
todos os muros acabam desmoronando
até quando se cai isso requer método
o desespero também possui seu cerimonial
nada permanece tanto quanto a impermanência
a bondade também pode causar arrependimento
cada hiena acaba pegando seu pedaço 
a inversão da estética é totalmente possível
o cheiro da morte se estende infinitamente
eu só me arrependo de ter me arrependido
explodem em cores ardentes
o riso da maldade é apenas patético
as minhas perdas podem ser meus maiores lucros

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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