Tenho saudade da saudade da saudade e os ardis de minha temperatura colaboram com tal obra. Paredes cruéis estas, transformaram-se de sólidos tijolos em zinco tremulante. E o calor chega mesmo quando frio demais.
Não há jogos de bola na rua com ou sem. Eu espero meu parabéns atrasado por todos os anos que não lhe conheci. Tudo é tão extremamente vicioso, sobretudo palavras. Serei um gato ou um cão? Dos dois o que mais molhado estiver.
Meus dedos agora endurecem sobre as teclas, mesmo que sejam velhas conhecidas. Um suor quase inexistente corre pela testa que nem um leve inseto pelas areias sem deixar rastro algum. Invento ventos que não existem, sinto uma tontura por algo que desconheço.
Tenho nojo do nojo do nojo e os odores piores chegam em bando com seus altos brados. Tudo é comum e raro ao mesmo tempo. Uma colcha velha num canto da rua me aparece com uma tela famosa exposta no Louvre. Uma cena pornográfica é tão banal numa cidade onde sangue, suor, urina, fezes e pus são apenas a mesma essência.
Levemente quase tudo é proibido, sobretudo sorrir de contentamento. Os rebeldes já depuseram suas armas e agora professam os mesmos argumentos falhos de seus opositores. Quase ninguém vê isso, mas eu vejo com esses olhos que a terra talvez coma ou talvez recuse.
Juro por todas as mentiras que disse até agora que não jurarei mais nada. Será o amor uma grande farsa? Não sei, alguns venenos são bem apreciados mesmo com aviso em seu rótulo. Boca fechada não entra comida. Os verdes não são mais azuis como já foram um belo dia.
Tenho medo do medo do medo. E as minhas unhas estão amareladas da nicotina do cigarro barato que posso comprar. Assim como a minha alma com tantas dívidas quanto qualquer um que possa existir. Ladrão de mim mesmo, é isso que eu sou. A minha sombra me persegue de teimosa e destemida que é.
A maciez de certas garras é admirável, assim como a inocência de algumas putas. A piedade não escolhe pacotes, nem a ternura foge de certos enigmas. Uma letra pode mudar tudo, nisto consiste a força imensurável das palavras. Tudo que é invisível é o que temos de mais evidente.
A sanidade geralmente é perigosa, principalmente na mão dos sábios. É um brinquedos podem também nos ferir. O tempo está em falta no mercado há muito tempo, mesmo sendo isso imperceptível. Já o lirismo, estragou nas prateleiras, mas ainda não foi devolvido para as fábricas,
Tenho a febre da febre da febre. E em algumas ruas me escondo da forma mais visível que posso, mesmo quando erro acentos e vírgulas, agora isso não é mais anormal, virou regra. Quase tudo se inverteu, até mesmo as necessidades mais básicas. Até morrer pode ser a última moda.
Pretendia fugir em breve, mas acabei desistindo, aonde for também estarei lá e eu sou o maior dos meus estorvos. Eu me fantasio com o ridículo que tenho medo em todos os meus diários carnavais. Podem anotar aí, nenhuma ferida que tive alguém senão eu mesmo a fiz.
Numa ilusão mais que humana penso que tenho tudo, mas não há mais nada que possa chamar de meu, só os meus sonhos. Esses esquentam-me a alma como se ela fosse apenas mais um corpo e podem até fazer o favor de me matar sem que eu passe nenhuma vergonha...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Não há jogos de bola na rua com ou sem. Eu espero meu parabéns atrasado por todos os anos que não lhe conheci. Tudo é tão extremamente vicioso, sobretudo palavras. Serei um gato ou um cão? Dos dois o que mais molhado estiver.
Meus dedos agora endurecem sobre as teclas, mesmo que sejam velhas conhecidas. Um suor quase inexistente corre pela testa que nem um leve inseto pelas areias sem deixar rastro algum. Invento ventos que não existem, sinto uma tontura por algo que desconheço.
Tenho nojo do nojo do nojo e os odores piores chegam em bando com seus altos brados. Tudo é comum e raro ao mesmo tempo. Uma colcha velha num canto da rua me aparece com uma tela famosa exposta no Louvre. Uma cena pornográfica é tão banal numa cidade onde sangue, suor, urina, fezes e pus são apenas a mesma essência.
Levemente quase tudo é proibido, sobretudo sorrir de contentamento. Os rebeldes já depuseram suas armas e agora professam os mesmos argumentos falhos de seus opositores. Quase ninguém vê isso, mas eu vejo com esses olhos que a terra talvez coma ou talvez recuse.
Juro por todas as mentiras que disse até agora que não jurarei mais nada. Será o amor uma grande farsa? Não sei, alguns venenos são bem apreciados mesmo com aviso em seu rótulo. Boca fechada não entra comida. Os verdes não são mais azuis como já foram um belo dia.
Tenho medo do medo do medo. E as minhas unhas estão amareladas da nicotina do cigarro barato que posso comprar. Assim como a minha alma com tantas dívidas quanto qualquer um que possa existir. Ladrão de mim mesmo, é isso que eu sou. A minha sombra me persegue de teimosa e destemida que é.
A maciez de certas garras é admirável, assim como a inocência de algumas putas. A piedade não escolhe pacotes, nem a ternura foge de certos enigmas. Uma letra pode mudar tudo, nisto consiste a força imensurável das palavras. Tudo que é invisível é o que temos de mais evidente.
A sanidade geralmente é perigosa, principalmente na mão dos sábios. É um brinquedos podem também nos ferir. O tempo está em falta no mercado há muito tempo, mesmo sendo isso imperceptível. Já o lirismo, estragou nas prateleiras, mas ainda não foi devolvido para as fábricas,
Tenho a febre da febre da febre. E em algumas ruas me escondo da forma mais visível que posso, mesmo quando erro acentos e vírgulas, agora isso não é mais anormal, virou regra. Quase tudo se inverteu, até mesmo as necessidades mais básicas. Até morrer pode ser a última moda.
Pretendia fugir em breve, mas acabei desistindo, aonde for também estarei lá e eu sou o maior dos meus estorvos. Eu me fantasio com o ridículo que tenho medo em todos os meus diários carnavais. Podem anotar aí, nenhuma ferida que tive alguém senão eu mesmo a fiz.
Numa ilusão mais que humana penso que tenho tudo, mas não há mais nada que possa chamar de meu, só os meus sonhos. Esses esquentam-me a alma como se ela fosse apenas mais um corpo e podem até fazer o favor de me matar sem que eu passe nenhuma vergonha...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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