quinta-feira, 16 de julho de 2020

Paradoxo Segundo C.A.

Esse é o mínimo do máximo
tantas palavras bonitas 
num quadro tão feio
minha loucura ao extremo
minha natureza conforme
paradoxalmente rude e terna
transcendente porém ordinária
As roupas nos varais
as bandeiras em seus mastros
e as fitas nos pandeiros das ciganas
ou no cetro dos mortos
esqueci de tudo porém sorrio
acertei fora do alvo
chutei o traseiro da prudência
perdi todo o cuidado
Nem todo belo embeleza
as amenidades talvez agridam
e a surpresa é mais normal
tenho asas para não voar
e minhas orações são negadas
com o maior dos afincos
a derradeira das tristezas
acabou me dando a melhor
de todas as crises de riso
Filmes de terro no chá das cinco
a amizade todos os meus inimigos
tapamos a peneira com o sol
eu nunca fui o que sou
mesmo se assino algum contrato
a solenidade veio de qualquer jeito
e eu me lambuzo de mentiras
como um qualquer marciano
que nasceu ali na esquina
logo agora há mais meio século
Dois desconhecidos apaixonados
a vista cega para mais enxergar
tantos tiroteios pelos silêncios
e a minha confissão de culpa alguma
certamente a certeza não é certa
e é muito amarelo o meu lilás
é coisa fina é coisa boa
tudo aquilo que o dinheiro paga
mesmo não sendo moralmente certo
os números sabem gritar alto
e calam até o que eles fizeram
Eu sou apenas um saltimbanco...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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Poesia Gráfica LXXXVI

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