domingo, 26 de julho de 2020

Dia Nenhum

Petchburee, tailândia - 27 de fevereiro de 2018: homem mendigo ...
Eu, você, todos nós,
filhos de um acaso nomeado destino,
em que absurdos misturam-se aos sonhos
dando resultado final a tristeza,
essa mesma que salga nossos rostos
sem ao menos se importar...

Eu, você, todos nós,
convidados para uma grande festa
que chegamos atrasados, no final,
que tropeçamos e caímos na partida
de uma grande disputa impensada,
assumindo compromissos inexistentes...

Eu, você, todos nós,
que ferimos com os nossos carinhos,
que magoamos com a nossa ternura,
que não medimos palavras erradas,
que invertemos nossas intenções,
que acabamos amando com ódio...

Eu, você, todos nós,
simples escravos de outros escravos,
submissos à uma juventude passageira,
solitários participantes de rebanhos,
com um deus em nossos estômagos
e com um demônio no meio das pernas...

Eu, você, todos nós,
sentimos frio bem próximos às fogueiras,
andarilhos tão sujos e maltrapilhos,
confundimos alegrias com números,
ostentamos a pobreza de nossas almas,
os mais miseráveis de toda a criação...

Eu, você, todos nós,
olhamos sem noção algumas nos espelhos,
oramos pela chegada de novas mentiras,
crucificados no macio sofá da sala,
indiferentes aos muitos gritos de socorro,
donos de um imenso dia nenhum...

(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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