domingo, 21 de junho de 2020

Festa Em Mim

Baile infantil do Sesc é opção para Carnaval em família ...
Há uma festa em mim, no meu corpo, na minha alma, em algum lugar não identificado onde palhaços mórbidos que fazem chorar ao invés de fazer rir comparecem acompanhados de pierrots que nunca puderam um dia amar...
Essa festa não tem horário para começar e nem hora para acabar, traz em si toda a eternidade possível de versos inacabados que ainda rodopiam feito um grande furacão de dourado pó...
Podem vir com pressa, se quiserem aproveitá-la ao máximo, ou sem pressa alguma porque há muito e muito tempo para isso, a finitude de tudo é apenas um engano, transformação é o grande segredo que passou desapercebido até de muitos sábios...
Há uma festa em mim, na minha alma, em meu sangue, corre que nem um rio caudaloso que chega ao mar o tempo todo, um mar de um verde-azul quase insondável onde me esperam sereias para me afogar...
Essa festa não tem lugar para acontecer e nem espaço limitado, vai das estrelas até o mais profundo dos abismos, onde mil musas inspiradores despem-se e bailam em torno de fogueiras que não se apagam nunca...
Podem vir sem medo, noite e dia se fundem num só tempo, onde luz e escuridão são igualmente amigas, pirilampos e flores acabam sendo iguais e mesmo a solidão acabou arranjando alguma companhia...
Há uma festa em mim, inferno e céu unidos como jamais estiveram, chamas e nuvens enfeitando o salão, bailado louco de todas as minhas aflições, amores não amados, paixões assassinadas, o carrasco e o condenado são apenas um...
Essa festa é a grande consagração de minha estupidez com as minhas tentativas de acertar, um dualismo ao mesmo tempo trágico e mágico, quase feito de palavras caladas e olhares que falam todos os idiomas de uma vez só...
Podem vir sem compromisso, a entrada é franca, assim como francas são as minhas maneiras que o tempo conseguiu embrutecer, pés e mãos cheios de calos duma jornada que o fim só sabe a morte...
Há uma festa em mim, venham antes que acabe...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de  Carlinhos de Almeida), 

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