sábado, 13 de junho de 2020

Da Natureza do Meu Tempo

Foto de O Menino Está Olhando O Relógio Adolescente Que Anda Na ...
Eu não escrevo cartas para o futuro
O meu grito é de agora
Quero rasgar o meu peito novamente
Meu pobre peito mutilado vezes e vezes...
Eu perdi o medo dos grandes temporais
Que cai logo essa chuva
Seguirei molhado até os meus ossos
Porque caminhar é sempre preciso...
Eu não planejo amores que serão tranquilos
Águas paradas apodrecem
Que seja a minha paixão uma avalanche
Levando tudo para bem longe daqui...
Desculpem-me poetas bem comportados
Jamais poderei um dia esquecer
Que conheço dois lados da mesma moeda
E é com ela que cumpro os meus riscos...

Eu não choro mais pelo que morreu ontem
De tudo um pouco sobrevivi
As minhas carnes ainda estão por aqui
E sentem mais pena de mim que minh'alma...
Eu me comportei bem no meu enterro
E já não sou mais o menino levado
Que se um dia aprontou alguma coisa
Foi mais por inocência do que maldade...
Eu quebro vários relógios nas paredes
Para que suas tintas se misturem prontamente
Com as várias cores que a memória possui
Antes que fiquem esmaecidas e façam chorar...
Desculpem-me poetas bem comportados
Eu aceitei todas as minhas maldições
E elas em troca deram-me grandes asas
Para as viagens de longo curso que ainda tenho...

Esse é pois o meu tempo não tente me seguir
As minhas regras causam estranheza para todos
Eu gosto de olhar para os céus amanhecendo
E isso é porque fiquei acordado noite passada...

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