Eu vejo a luz desenhar alguns símbolos
por estas paredes nuas da rua que segue
dentro de uma manhã bonita e vulgar
como a menina que sorria e caíram dentes
as estrias que lhe atacaram o corpo
e as desilusões de príncipes nunca vindos...
Nas mãos de qualquer malvado destino,
Somos apenas brinquedos, apenas brinquedos...
Engulo meu choro como um bem-comportado
enquanto meus olhos embaçam porque secos
o tempo vai comendo tudo aos pouquinhos
feito um menino que come seu pãozinho
distraído olhando algumas dessas nuvens
que passam no alto sem ao menos parar...
Presos nas correntes de velhos relógios,
Somos apenas brinquedos, apenas brinquedos...
Esforço-me por palavras que sejam bonitas,
evito as expressões mais ou menos chulas,
mas apenas elas conseguem a dura exatidão
de tudo aquilo que os homens conseguem
fazer em suas idiotas e desnecessárias proezas,
construímos castelos de areia para chutar...
E pelas marés que vamos sem nada saber,
Somos apenas brinquedos, apenas brinquedos...
Não se trata apenas de se perder ou ganhar,
exerçamos apenas o triste ofício de teimosos,
teremos sorte se sobrarem alguns vestígios
de nossa breve passagem por isso aqui,
talvez uma velha canção lembre nosso nome,
só algumas fotografias que alguém esquecerá...
Somos como figurinhas nas mãos dos meninos,
Somos apenas brinquedos, apenas brinquedos...
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