sexta-feira, 15 de junho de 2018

Uma Farsa Poética

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é tudo o que temos...
vírgulas sem propósito colocadas à miúde
entre sinais de trânsito adulterados
nada mais podemos assim fazer
que erguer as mãos para o alto
e ainda nem mesmo agradecer...
talvez subamos como voadoras bailarinas
em doce conluio com as tempestades...
o dia amanheceu deveras frio
e eu cometo os abusos que assim quiser
não indicarei nomes de minha lista
mas eu os tenho assim como feridas ou flores...
acendo fogueiras uma após a outra
e aproveito sua fumaça em estranhos rituais
por isso vou abusando das classes gramaticais
que achar melhor em meu instante parado...
cada cheiro e cada gosto e cada sensação
doem em mim como um alfinete ou um desejo...
espero a chegada de outros símbolos
e alguns neologismos com preço de ocasião...
sigamos então o inesperado até a curva...
nem ao menos sabemos ler a folhinha
e os sinônimos já confundem nossas mentes
mais do que um folhetim barato...
abençoados sejam os cegos e os tolos
quando se testemunha ou se pensa dói bem mais
eu queria então fazer como a maioria das pessoas
beber de pequenos cálices até me afogar...
mudo e transformo quaisquer coisas que vejo
como um grande espetáculo feito de improviso...
tudo é um grande artesanato em que falta
apenas a habilidade necessária em curtas frases...
nem sei falar direito como foi há cem anos atrás...
talvez a tradição queira inovar mais uma vez
e os realejos voltem com periquitos sócios majoritários
já temos adesivos suficiente para nos atrapalhar...
a tábua de salvação pode servir para a urna
e isso nem deixa de ser tão sensacional...
só nos falaremos novamente daqui há mil anos
quando estiver devidamente alado...
às vezes o complicado é o mais simples
e o que queríamos já nos causa tanta repulsa...
há muitos sonhos guardados nas prateleiras
e o pó sabe como ser tão mais irritante...
é tudo o que temos...

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