terça-feira, 12 de junho de 2018

Não Foi Porque Eu Quis Complicar

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Juro pelo que existe e pelo que não existe também
Não fiz arquiteturas no estilo mais rococó possível
E nem pretendi ser mais famoso que o mal já é
Em cima da mesa estão as garrafas vazias
Fazendo uma doce companhia aos cigarros assassinados
Eu não encontro leveza alguma num ar sufocado
E nem faço parte de nenhuma gangue de esforçados
Que tentam definir a felicidade com simples desenhos
É que eu estou pelas tabelas entre portas e janelas
E cada ideia é apenas mais uma loucura da hora
Escovo a minha cartola com afinco para tirar a poeira
Que de alguma maneira consegue atravessar meus ossos
Que agora e sempre não quebraram e sempre doem
Infelizmente o presente é a forma verbal mais solene
E não adianta dourarmos a pílula pois tudo é veneno
Eu tenho ciúmes até da minha imagem no espelho
E faço as letras das placas pintadas de vermelho
Porque cada grito que eu dou é apenas um aviso
Que a felicidade chegou e essa é a última remessa
Porque os estoques se acham esgotados nos depósitos
Sou um doente como tantos outros que não sabem
Que seu remédio já passou da validade
E mesmo com moldes italianos não há mais bang-bang 
E acabaram os frangos para os almoços de domingo
E o meu maior medo foram as escadas-rolantes
E os infernos possuem muitos e muitos Dantes
Mais do que cabem num exército de felizes mercenários
Infelizmente meu Pequeno Príncipe planta na favela
E espera com muita calma morrer daqui há pouco
Assim como sempre mandou o figurino e as normas
Que foram estabelecidas em sei lá quais concílios
Eu nunca fui um xavante ou um bandeirante ou retirante
Mas sei fazer algumas magias com tal destreza
Que eu mesmo fico admirado de onde vem tanta loucura
E olha que eu não tento inventar nada e muito mal sinto
E está passando a fase de poeta tipo um rebelde
Porque os óculos aumentaram de grau
E agora eu tenho muito mais medo de qualquer frio...

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